Parentes do técnico de enfermagem João Luiz da Silva Oliveira, de 32 anos, afirmam que ele está preso injustamente desde o último dia 2. Na ocasião, ele recebeu uma ligação para que comparecesse à 55ª DP, a delegacia de Queimados, na Baixada Fluminense, mesma cidade onde mora com a família. Pensando que trataria de um roubo que havia sofrido no início do ano, ele foi à unidade. Quando chegou, foi informado pelos policiais de que havia sido reconhecido, por uma foto, pela vítima de um roubo de celular, ocorrido no bairro Belmonte no dia 2 de março deste ano. João Luiz, no entanto, tem provas de que, na data do crime, passou o dia trabalhando numa clínica de hemodiálise em Belford Roxo, a 21 quilômetros de distância do local onde o roubo aconteceu.
Dados do celular de João Luiz já anexados aos processo judicial a que ele responde mostram que, em 2 de março, ele permaneceu das 5h32 às 20h49 na clínica Renalford, onde trabalha, e depois voltou para casa, em Queimados. Segundo os dados do aparelho, ele não passou por nenhum outro ponto entre a clínica e a residência. A folha de ponto do técnico de enfermagem, fornecida pelo empregador, mostra que, naquele dia, ele trabalhou normalmente, das 5h às 20h.
— Meu irmão é trabalhador, tem carteira assinada, tem casa e tem um filho de 7 anos para criar. No dia do crime, ele saiu de casa, pegou o ônibus e foi trabalhar na clínica de hemodiálise em Belford Roxo e depois voltou para casa, como sempre faz. Ele é mais um homem negro vítima de injustiça — afirma a confeiteira Fernanda da Silva Oliveira Santana, de 32 anos, irmã de João Luiz.
O crime aconteceu por volta das 21h30. No mesmo dia, a vítima afirmou, na delegacia, que “foi abordada por dois homens armados que estavam em uma motocicleta de cor preta”. No entanto, na ocasião, ela não chegou a reconhecer os ladrões. Somente três meses depois, em 17 de junho, a mulher foi intimada para retornar à delegacia. Os agentes, então, mostraram a ela uma série de fotos retiradas do perfil do Facebook de João Luiz. A mulher, então, reconheceu o técnico de enfermagem como um dos criminosos.
Parentes de João não sabem como a foto do homem foi parar na investigação. O técnico de enfermagem não tinha passagens anteriores pela polícia que justificassem a presença de sua foto como suspeito.
— Não sabemos como e nem por que a polícia chegou até a foto do João. Ele nunca tinha sido preso e nem suspeito de nada antes. Prenderam uma pessoa por um reconhecimento ilegal feito três meses depois do crime — afirma Fernanda.
João Luiz foi denunciado pelo Ministério Público e teve a prisão decretada pelo juiz Luís Gustavo Vasques, com base no reconhecimento, no dia 9 de agosto. A advogada da família do técnico em enfermagem já pediu à Justiça a revogação da prisão.
Fonte: Fonte: Jornal Extra