Família de professora atropelada pelo jogador Marcinho pedirá autorização para que corpo seja cremado


A família da professora e coordenadora do curso de engenharia ambiental do Cefet/RJ, Maria Cristina José Soares, de 66 anos, que morreu nesta terça-feira, após ter sido atropelada ao lado do marido na noite do último dia 30, por um carro dirigido pelo jogador de futebol Márcio Almeida de Oliveira, o Marcinho, vai entrar com um pedido de liminar para expedição de um alvará que autorize a cremação do corpo da educadora. Segundo o advogado Márcio Albuquerque, que defende os interesses da família da professora ao lado do também advogado André Nascimento, o pedido será feito no Plantão Judiciário do Tribunal de Justiça do Rio. Caso a solicitação seja atendida, o corpo de Maria Cristina será cremado nesta quinta-feira.

— Pela lei, em caso de morte violenta é necessária uma autorização judicial para fazer a cremação, já que isso impediria, por exemplo, uma exumação para exames complementares, se isso fosse necessário. A cremação era um desejo da professora e os filhos dela querem fazer isso, atender o desejo da mãe. Por isso, estamos entrando com este pedido de liminar — disse o advogado.

O corpo da educadora, que morreu em um hospital particular, passou por um exame de necrópsia no Instituto Médico-Legal do Rio. O resultado do laudo ainda não foi divulgado pela polícia. Além de Maria Cristina, o professor de engenharia mecânica do Cefet, Alexandre Silva Lima, de 44, que vivia com a professora há 12 anos, também morreu no mesmo acidente. Ele não resistiu aos ferimentos e perdeu a vida ainda no local do atropelamento, ocorrido na noite do dia 30 de dezembro, na Avenida Sernambetiba, no Recreio dos Bandeirantes. Ex-jogador do Botafogo, Marcinho prestou depoimento, nesta segunda-feira, na 42ª DP(Recreio dos Bandeirantes) e admitiu dirigir um Mini Cooper que atingiu o casal.

Casal Alexandre e Maria Cristina: os dois morreram após terem sido atropelados pelo jogador Marcinho, ex-Botafogo
Casal Alexandre e Maria Cristina: os dois morreram após terem sido atropelados pelo jogador Marcinho, ex-Botafogo Foto: Arquivo pessoal

Nesta quarta-feira, o delegado Alan Luxardo, da 42ª DP, disse ter indiciado o ex-lateral do Botafogo por crime de duplo homicídio culposo. Assim, em caso de condenação na Justiça, o atleta pode estar sujeito a uma pena que varia de dois a quatro anos de detenção por cada uma das duas mortes. De acordo com o delegado Alan Luxardo, o inquérito deve ser concluído já na próxima semana. Antes, Marcinho pode ser mais uma vez ouvido pela polícia, já que testemunhas que prestaram depoimento nesta terça disseram que o jogador estava em alta velocidade.

Um dia antes, Marcinho foi ouvido na delegacia e alegou que seu carro estava numa velocidade de 60 quilômetros, quando o acidente ocorreu.

— Agora é acabar de ouvir testemunhas, juntar os laudos periciais e concluir o inquérito policial. Acredito que até semana que vem isto esteja terminado. É possível que, com as divergências que possam ter ocorrido entre os depoimentos (de Marcinho e de três testemunhas), ele seja novamente chamado para esclarecer estes detalhes — diz o delegado.

Carro, Mini Cooper, envolvido no acidente. Ao fundo, Marcinho ao deixar a delegacia nesta segunda-feira
Carro, Mini Cooper, envolvido no acidente. Ao fundo, Marcinho ao deixar a delegacia nesta segunda-feira Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo

A Polícia Civil ainda aguarda a conclusão do laudo pericial feito no carro do jogador. Mesmo assim, o delegado admite que há indícios de que Marcinho não estava trafegando numa velocidade de 60 quilômetros quando o acidente aconteceu. Nesta quarta-feira, quatro testemunhas que estiveram com Marcinho, momentos antes do acidente, foram ouvidas pela polícia. Elas informaram estarem com o jogador numa confraternização de família e que o lateral não usou bebida alcoólica.

Na última segunda-feira, o advogado Gabriel Habib, que acompanhou o atleta na delegacia, informou que o ex- jogador ainda tentou frear e desviar do casal, mas que não conseguiu. Ele também chegou a classificar o acidente como inevitável e informou que as vítimas estavam fora da faixa de pedestres.

Nesta terça-feira, três testemunhas que presenciaram o atropelamento prestaram depoimento ao delegado Alan Luxardo. Duas delas afirmaram ter visto o carro dirigido pelo jogador trafegando em alta velocidade, costurando na pista. Já uma terceira disse que o corpo de uma das vítimas chegou a ficar preso na parte frontal do Mini Cooper, sendo arrastado por alguns metros até que se desprendeu do veículo.



Fonte: Fonte: Jornal Extra