Família de comerciante desaparecido na Gardênia Azul afirma não ter mais esperança de que ele esteja vivo


Quatro dias após o desaparecimento do comerciante Thomás de Sousa Barros Lima, de 32 anos, na madrugada do último domingo, na Gardênia Azul, favela na Zona Oeste do Rio, a família não tem mais esperanças de que ele esteja vivo. Nesta quinta-feira, Thainá de Sousa, de 25, irmã de Thomás, vai marcar a missa de sétimo dia do comerciante.

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— Hoje vamos marcar a missa de sétimo dia na igreja do Pechicnha, a Paróquia Nossa Senhora de Fátima. Infelizmente, não tem como ter esperança — lamenta a jovem.

Segundo a delgada Ellen Souto, titular da Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA), a especializada investiga o caso como homicídio e ocultação de cadáver praticados pela milícia da Gardênia Azul.

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Na madrugada do último domingo, Thomas enviou uma mensagem para a esposa que parecia ser um pedido de socorro: “Se der ruim, sabe onde estou. Gardênia”. Desde então, a família do comerciante busca informações de seu paradeiro. Horas após iniciarem as buscas, amigos e familiares encontraram o carro de Thomas incendiado próximo à favela da Gardênia Azul — região dominada pela milícia na Zona Oeste do Rio.

Domingo à noite, o carro de Thomás foi encontrado carbonizado na Ayrton Senna.Thainá criticou a demora nas investigações e disse que familiares e amigos têm feito buscas por conta própria:

— A polícia está a par de tudo, mas a gente que está buscando por conta própria. Não temos ajuda de polícia nem de ninguém. Ontem, nós que reunimos os amigos e fomos procurar. Encontramos a placa do carro exatamente onde o carro foi carbonizado. Mais à frente, tinha outro carro carbonizado. A gente procurou, entrou, viu se encontrava alguma coisa, chegamos a ir até o mangue. Depois de a imprensa procurar a polícia, pediram para meu pai ir lá na delegacia. Até o momento estavam calados.

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A delegada Ellen Souto disse que o caso está bem avançado:

— Em andamento. Bem avançado. Mas não é do dia para noite que se conclui um homicídio.

A Polícia Civil também vai intimar o homem identificado como Jefferson Lima, conhecido como DJ. Segundo a Thainá, ele estava com Thomás:

— Estamos tentando procurar esse conhecido. Conseguimos contato, mas ele não atende, bloqueia quando a gente tenta falar. A polícia também está atrás dele. A família não conhece, ninguém nunca ouviu falar dele nem sabe como é. Ele veio encontrar meu irmão no bar, foram beber numa boate do lado do bar e depois foram para o Gardênia. Lá, foram para um bar, onde começou uma discussão. Quando começou a discussão, arrastaram meu irmão para o baile funk dentro do Gardênia, ele tentou conversar, dialogar, mas o pessoal disse que ele foi executado lá dentro do “campo do favelão”.

Thomás Sousa trabalhava no bar da família desde os 15 anos
Thomás Sousa trabalhava no bar da família desde os 15 anos Foto: Redes sociais

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Thomás trabalhava no bar da família desde os 15 anos. Com a separação dos pais, assumiu o bar. Ele morava com a mulher e a filha em Rio das Pedras, lugar onde cresceu desde que tinha 4 anos.

Thainá disse que há relatos de que Thomás tenha sido envolvido na briga, mas ela acredita que esse não seja o motivo. O irmão, ela conta, não era de se envolver em confusão:

— Ele era uma pessoa super tranquila, tomava a cerveja dele e a única coisa que fazia era brincar e dançar. Todo mundo sempre abraçava e falava com ele. Não sei porque pode ter começado a briga. Uns dizem que ele passou, esbarrou e não pediu desculpa. Coisa que acho difícil. Ele só tinha tamanho, mas era muito tranquilo.



Fonte: Fonte: Jornal Extra