Ex-noivo de blogueira carioca, chefe de quadrilha de estelionatários é preso na Barra da Tijuca


Apontado como chefe de uma quadrilha especializada no chamado “golpe do motoboy” que atuava em vários estados do país, Alexandre Navarro Júnior, o Juninho, de 28 anos, foi preso pela Polícia Civil do Rio, na manhã desta segunda-feira, em um flat de alto padrão na Barra da Tijuca, na Zona Oeste da capital. Ele foi localizado pro agentes da 33ª DP (Realengo) e da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), comandadas, respectivamente, pelos delegados Flávio Ferreira Rodrigues e Marcus Vinicius Amim Fernandes.

Juninho é réu por estelionato na Justiça de Santa Catarina, que decretou a prisão preventiva dele e de outros 14 comparsas em novembro do ano passado, e encontrava-se foragido desde então. Ele foi noivo da blogueira carioca Rayane da Silva Figliuzzi, de 24 anos, também integrante do bando, que cumpre prisão domiciliar em uma cidade no interior fluminense.

Embora a investigação que motivou o pedido de prisão seja da polícia de Santa Catarina, Alexandre também era alvo de diversos inquéritos no Rio. Além da 33ª DP e da DRE, pelo menos outras cinco delegacias distritais, espalhadas pelas zonas Sul, Norte e Oeste da cidade (bem como no Centro), receberam denúncias que mencionavam Juninho: a 6ª DP (Cidade Nova), a 9ª DP (Catete), a 26ª DP (Todos os Santos), a 34ª DP (Bangu) e a 43 ª DP (Guaratiba).

As investigações apontaram que Juninho era figura fácil nas noites cariocas e nas redes de futevôlei da praia da Barra, frequentando sempre locais de luxo. Após a decretação da prisão, ele chegou a passar um período escondido no Complexo da Penha, na Zona Norte, mas acabou retornando à Barra da Tijuca, seu reduto predileto.

Nesta segunda-feira, ele foi capturado em um flat de frente pro mar, em um condomínio de alto padrão na Avenida Lúcio Costa, na altura do posto 6, um dos pontos mais valorizados da região. O proprietário do imóvel, que também estava no local, foi autuado por favorecimento pessoal e liberado após assinar um termo de compromisso de comparecimento no Juizado Especial Criminal (Jecrim).

A vista do flat no qual Alexandre estava
A vista do flat no qual Alexandre estava Foto: Reprodução

Quem também fazia parte do grupo era Yasmin Navarro, de 25 anos, irmã de Alexandre. Mesmo procurada pela polícia, a jovem, mais uma a se apresentar como blogueira na internet, aparece em fotos postadas nos últimos meses em redes sociais curtindo bares e shows. Além de integrar a quadrilha do irmão, Yasmin teria contado com a ajuda de Juninho para montar o próprio esquema criminoso. Nos registros recentes em eventos sociais, revelados pelo portal “G1”, ela aparece com duas comparsas deste segundo grupo: Mariana Serrano, de 27 anos, e Gabriela Vieira, de 21. As três são consideradas foragidas pela Justiça do Rio.

As investigações da Polícia Civil catarinense revelaram detalhes das atividades do bando chefiado por Juninho. Os agentes descobriram que, a partir de uma central de operações montada em um apartamento de luxo em Copacabana, na Zona Sul do Rio, falsas telefonistas entravam em contato com as vítimas em cidades como Balneário Camboriú e Florianópolis. Na ligação, simulavam ser funcionárias de instituições bancárias e comunicavam compras suspeitas feitas com cartão de crédito.

Em seguida, as mulheres pediam que a pessoa do outro da linha contatasse o número do banco no verso do cartão e repassasse diversos dados, entre eles a senha. Contudo, o primeiro telefonema não era de fato encerrado, e outro membro do bando fingia atender a vítima, aumentando a veracidade do golpe.

O passo seguinte era convencer o alvo a quebrar o cartão de crédito — sempre bem ao centro, para não danificar o chip. A quadrilha informava, então, que um funcionário iria ao encontro do cliente para recolher o cartão descartado e assinar alguns documentos, que atestariam não ser ele o autor das compras citadas anteriormente. Já em posse do cartão da vítima, a quadrilha realizava diversas transações em maquininhas pertencentes ao bando, encerrando a artimanha.

Uma dessas máquinas de cartão estava justamente no nome de Rayane Figliuzzi. Antes de iniciar o relacionamento com Alexandre, com quem teve um filho recém-nascido, e de frequentar o noticiário policial, a jovem, que também fez trabalhos como modelo, era habituada a aparecer nas páginas de fofoca. Ela já foi apontada como affair do rapper norte-americano Tyga, durante uma visita do artista ao Rio, e também do cantor Saulo Pôncio.

Em uma série de stories publicada no Instagram entre terça e quarta-feira da semana passada, em um perfil com cerca de 78 mil seguidores, Rayane falou pela primeira vez publicamente sobre o relacionamento com Juninho, preso nesta segunda-feira. O chefe da quadrilha foi descrito nas postagens como “tóxico e abusivo”.

Nas mensagens compartilhadas, Rayane conta que o namoro foi rompido há quatro meses e revela que os dois só ficaram noivos por conta da gravidez. “Eu tentei levar durante um ano e meio e nisso fui adoecendo cada vez mais”, relatou, acrescentando que conheceu Alexandre “com o tempo” e percebeu que os dois são “totalmente diferentes um do outro”. Ela pondera, porém, que “estava fraca e não tinha força nem psicológico para sair de um relacionamento totalmente tóxico e abusivo”.

Nas postagens, Rayane dava a entender que, mesmo foragido, Alexandre mantinha contato com o filho. Perguntada por um seguidor se o ex-noivo seria “presente na vida” da criança, ela respondeu que sim: “Para o Zion, ele é ótimo”. Na mensagem seguinte, ela indica o que teria tirado de “experiência e aprendizado nesse momento difícil”: “Conhecer mais as pessoas. Não confiar em mais ninguém!”, ensinou a blogueira, que, em outro momento, afirmou com veemência que “se arrepende de algumas escolhas”.



Fonte: Fonte: Jornal Extra