Equipe médica que atendeu enteada não suspeitou de envenenamento

Em depoimentos prestados nesta sexta-feira, parte da equipe médica que atendeu Fernanda Cabral há dois meses disseram que não suspeitaram que ela fosse vítima de envenenamento, nem quando chegou na emergência do hospital ou durante sua internação no CTI da unidade. O corpo da jovem de 22 anos foi exumado para a polícia analisar se ela morreu após ser envenenada. A madrasta Cíntia Mariano Dias Cabral está presa suspeita de matar a jovem e tentar envenenar o irmão de Fernanda dois meses depois.

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O EXTRA teve acesso aos depoimento de três profissionais que participaram do atendimento de Fernanda Cabral durante sua internação no hospital municipal Albert Schewitzer. Eles prestaram esclarecimentos na 33ª DP (Realengo), que investiga o caso. Uma das médicas que atendeu a jovem afirmou à polícia que no prontuário de Fernanda foi “aventada a hipótese de intoxicação”, mas que deveria ser confirmada e averiguada “pelo histórico da paciente (informações e fatos trazidos por familaires, sinais e sintomas).” A mesma profissional afirmou que consta no prontuário que os familaires informaram que a jovem fazia uso de proteína em pó, um suplemento alimentar.

Exumação do corpo de Fernanda Carvalho Cabral
Exumação do corpo de Fernanda Carvalho Cabral Foto: Lucas Tavares / Agência O Globo

Uma outra médica que participou do atendimento de emergência à Fernanda ainda afirmou aos policiais que Cíntia Mariano, madrasta suspeita de a envenenar,

Já o coordenador médico do CTI em que Fernanda ficou internada disse que o caso da jovem o surpreendeu logo no momento que chegou ao plantão pois ela era “jovem e aparentava boa saúde, sem histórico de comorbidades”. O profissional ainda afirmou que conversou com os pais da jovem durante a internação e que “em nenhum momento eles aventaram a possibilidade de envenenamento”.

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O médico disse ter questionado se Fernanda fazia uso de substâncias para ganho de massa muscular e desempenho ou outros medicamentos, mas os pais afirmaram que a filha seguia uma dieta com suplementação com um acompanhamento.

Fernanda Cabral deu entrada na emêrgencia do hospital na noite de 15 de março com sinal de “gasping” (intensa dificuldade para respirar). A jovem estava com os olhos abertos mas não interagia com a equipe médica. Por causa do seu estado grave ela foi entubada e levada ao CTI da unidade.

A médica que entubou Fernanda também prestou depoimento e afirmou aos policiais que não percebeu sinais fora do do comum na paciente. Segundo a profissional, a jovem não apresentava temores ou excesso de salivação quando foi atendida. Após uma parada cardiaca, a médica solicitou um exame de sangue e tomografia. Os agentes questionaram se havia necessidade de um exame no fluido do estômago de Fernanda, mas a médica afirmou que o hospital não realiza esse tipo de exame.

A médica da emergência ainda afirmou que teve conhecimento por uma colega de equipe, de quem não se recorda, manteve contato com Cíntia durante o atendimento da Fernanda. A madrasta teria dito que a jovem jantou após chegar da academia e não sabia se ela fazia uso de anabolizantes mas iria perguntar para sua filha, de quem Fernanda era amiga.

Fonte: Fonte: Jornal Extra