‘Ele não era bandido! Era meu filho! Só tinha ele’, diz mãe de vítima de ação no Morro dos Macacos após enterro


A família do montador de andaime e prestador de serviços da Petrobras, Valmir Pereira Cândido, de 42 anos, responsabilizou a polícia pelos dois disparos que atingiram a cabeça e o abdômen do rapaz no último sábado, dia 6, em frente a casa onde morava, no Morro dos Macacos, em Vila Isabel, na Zona Norte do Rio. Na ocasião, a Polícia Militar fazia uma operação no local, que acabou com cinco pessoas mortas, uma delas o montador de andaime. Diretor da torcida FlaMacacos, nome dado em referência ao Morro dos Macacos, Valmir foi sepultado no Cemitério São Francisco de Paula, no Catumbi, na Zona Norte do Rio, no início da tarde desta segunda-feira, dia 8. Segundo Valéria Pereira Cândido, mulher de Valmir, o marido não foi morto em meio a uma troca de tiros entre bandidos e traficantes.

— Era um trabalhador, um pai de família que saía de casa todos os dias às 5h para ir trabalhar. Para morrer do jeito que morreu. Aí, você ouve, teve troca de tiros. Não houve troca de tiros nenhuma! Eles (PMs) mataram porque quiseram matar. Ele (Valmir) sentou no portão quando os policiais apareceram no beco e deram os tiros, que acertaram os garotos e o meu marido, que estava sentado — diz Valéria, logo depois de sepultar o montador de andaime.

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Valmir Pereira Cândido dirigia a Flamacacos
Valmir Pereira Cândido dirigia a Flamacacos Foto: Arquivo Pessoal

Diretor da torcida FlaMacacos, nome dado em referência ao Morro dos Macacos, Valmir foi sepultado no Cemitério São Francisco de Paula, no Catumbi, na Zona Norte do Rio. Amigos com camisas do Flamengo e da torcida organizada compareceram ao enterro. Ele foi sepultado com o caixão coberto por uma bandeira do time. Em meio a canções evangélicas, parentes fizeram uma homenagem com interpretação e dança pouco antes do sepultamento. A mãe de Valmir, a dona de casa Dulcinéia Targino da Silva passou mal e precisou ser ampara enquanto pedia justiça para o caso.

— Ele não era bandido, era trabalhador. Meu filho! Eu só tinha ele! Por que foi morrer assim? Eu pensei que ele fosse me enterrar, mas me enganei — afirma a dona de casa, chorando.

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Horas antes de ser morto, o montador de andaime havia ido com a mulher e a filha em Duque de Caxias. A família e o filho, de 20 anos, preparavam uma festa de aniversário de 15 anos, da filha de Valmir, que não irá mais acontecer.

— A gente foi a Duque de Caxias para ver algumas coisas para a festa. Minha filha vai fazer 15 anos no mês que vem. Agora, não vamos fazer nada. Quando voltamos para casa, ele sentiu no sofá. Um amigo chamou no portão. Ele foi atender. Menos de 20 minutos depois os tiros começaram. Liguei para o telefone dele, mas não atendeu. Disse na hora, aconteceu alguma coisa é comecei a gritar — explica Valéria.

O caso está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) na Barra da Tijuca. A Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, por meio da Subsecretaria de Vitimados, informa que esteve com a família de Valmir nesse domingo, no Instituto Médico Legal (IML), e ofereceu atendimento social e psicológico. A equipe psicossocial está acompanhando o caso.



Fonte: Fonte: Jornal Extra