Dono de quiosque estava em casa quando Moïse foi morto, dizem advogados


Os advogados do dono do quiosque onde o congolês Moïse Mugenyi Kabagambe, 24, foi espancado e morto afirmaram nesta terça-feira (1º) que o proprietário estava em casa no momento das agressões e não tem qualquer relação com o caso.

Eles negaram que o motivo da briga tenha sido a cobrança de diárias de serviço ao quiosque Tropicália, na altura do posto 8 da Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio de Janeiro, como sustenta a família da vítima, e disseram que o jovem não estava trabalhando naquela ocasião.

“Não existe dívida alguma”, declarou o advogado Darlan Santos de Almeida à imprensa na porta da 16ª delegacia e argumentou que outros depoimentos colhidos pela polícia corroboram isso. Ele se negou a citar o nome do cliente, alegando que ele está sofrendo ameaças.

Foto: Reprodução

Um segundo advogado, Euclides de Barros, afirmou que Moïse tinha uma relação mais próxima com as barracas da praia. Eles sugeriram ainda que o congolês também já trabalhou em outro quiosque ao lado (portanto, a dívida alegada pela família poderia ser de lá).

“O dono do quiosque não tem nenhuma responsabilidade sobre isso, estava em casa no momento. Ele sai do quiosque por volta de 20h30 e deixa apenas um funcionário que aparece nos vídeos sendo perseguido pela vítima [de camisa listrada]”, acrescentou.

As imagens mostram que a briga começa às 22h25 do dia 24, uma segunda-feira. Moïse parece discutir com o funcionário de camisa listrada verde e preta, que pega um pedaço de pau enquanto é “seguido” pelo jovem em círculos dentro do quiosque. Moïse apanha uma cadeira e depois um rodo.

Em seguida, ele deixa os objetos no chão, faz um movimento com as mãos para cima e continua falando, aparentando estar alterado. Tira a camiseta e abre o refrigerador, quando um outro homem surge de fora do quiosque, o derruba e começa a espancá-lo.

Foto: Reprodução

Além do dono, os advogados representam esse funcionário, que também foi ouvido como testemunha nesta terça e não teve seu nome divulgado. Os depoimentos, que aconteceriam na Delegacia de Homicídios, foram transferidos para a 16ª DP com o intuito de evitar a imprensa.

“Quando vocês tiverem acesso às imagens na íntegra vão ver que a vítima estava bebendo acompanhada de outra pessoa. Em certo momento, aparentemente embriagada –eu não posso afirmar que estava– tenta pegar mais cerveja no freezer e o funcionário não deixa. Tanto é que ele tenta impedir fechando a porta do freezer e ela insiste”, afirmou Almeida.

A defesa disse ainda que os outros cinco homens que aparecem no vídeo batendo ou presenciando as agressões sem intervir não têm vínculo algum com o quiosque. E que o único funcionário, idoso, não chamou a polícia porque estava sem celular: “Tanto que quem avisa o dono do quiosque é outra pessoa que trabalhava na praia”, alegou Almeida.

A defesa se solidarizou com a família de Moïse, disse que foi um “crime bárbaro” e acrescentou que a dinâmica dos fatos será esclarecida pela Polícia Civil, que ouviu ao menos oito pessoas até agora e analisa as filmagens.



Fonte: Banda B