A defesa de Otilia de Oliveira Braz, presa por supostamente torturar e matar a filha com deficiência intelectual, de 32 anos, em Curitiba, pediu à Justiça que ela seja submetida a exames de sanidade mental. Maria Salete de Oliveira Braz morreu no dia 4 de maio, no bairro Cajuru.
“Entramos no Judiciário pedindo ao magistrado que autorize a realização do exame de sanidade mental da Dona Otilia para saber quais as condições dela, se ela responde por si, se é incapaz, se ela sabia ou não do que estava fazendo”, afirmou o advogado da suspeita, José Valdeci de Paula, à Banda B.
Otilia de Oliveira Braz foi presa no dia 19 de maio, 15 dias depois de a filha dela ter sido encontrada morta com sinais de queimaduras, em um quarto com fezes e sujo. A mãe, porém, afirmou à polícia que Salete morreu porque caiu de uma escada.
O delegado responsável pela investigação, contudo, disse que as lesões na vítima foram ocasionadas antes da suposta queda.
“Ela já apresentava todas estas lesões e estava muito tonta, ou seja, lesões causadas em momento anterior a queda, e aí ela teria caído”, explicou Tito Barichello, da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Polícia Civil.
O advogado que representa Otilia alega que sua cliente é uma “pessoa sofrida”, que teve três filhos com deficiência. Segundo ele, “se ela errou de alguma forma, talvez foi tentando educar os filhos da melhor forma”.
“Não podemos apontar o dedo e crucificá-la neste momento. Não estávamos lá no dia a dia, não sabemos o que ela passou. Os vizinhos que falam muitas inverdades, a chamam de assassina e dizem que a [Maria] Salete era usada como instrumento de vodu terão de passar pelo crivo do contraditório e provar tudo isso em juízo”, prosseguiu de Paula.
O Ministério Público do Paraná, por meio do promotor de Justiça Roberto Tonon Júnior, pediu que novas diligências envolvendo o caso sejam realizadas com urgência nos próximos 30 dias. Entre as recomendações do órgão há a realização de uma reconstituição com a presença da investigada; levantamento de cópia de prontuários da vítima; novo interrogatório de Otilia e outros familiares; juntar aos autos o laudo de necropsia definitivo da vítima; e varredura na residência da investigada com a utilização de substância adequada para verificar a existência de sangue no local.
Sobre o laudo de necropsia incluso ao inquérito, o advogado da suspeita o classificou como “inconclusivo”, pois, segundo ele, o médico legista responsável pelo exame sugere que a “causa morte de Salete tenha sido provocada por conta de sua fragilidade na saúde”.
“Ele não pôde cravar de forma certeira. Ela [Maria Salete] tinha problemas no fígado. Depende-se ainda de laudo toxicológico para atestar a causa morte. É precoce chamar Otilia de assassina.”
O caso
A Polícia Civil, por meio da DHPP, investiga se Maria Salete de Oliveira Braz foi morta em um ritual de magia negra. A mãe dela foi presa suspeita de matar e torturar a própria filha, além de mantê-la em cárcere privado no chamado “quarto do terror”.
Fonte: Banda B