Caso Daniel: Justiça aceita pedido de transferência de Edison Brittes após relatos de tortura dentro da prisão


A juíza Luciani Regina Martins de Paula, da 1ª Vara Criminal de São José dos Pinhais, determinou que Edison Brittes, acusado pela morte do jogador Daniel Corrêa Freitas, seja transferido da Penitenciária Central do Estado (PCE), situada em Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba, para a Casa de Custódia de São José dos Pinhais (CCSJP). A decisão atende a pedido da defesa do réu que relatou estar sofrendo violência física e psicológica dentro da prisão.

(Foto: Franklin de Freitas/Folhapress)

No documento em que o pedido da defesa é aceito, a juíza também pede esclarecimentos ao Departamento Penitenciário do Paraná (Depen) sobre as situações de violência relatadas. A reportagem da Banda B entrou em contato com o Depen para falar sobre o caso e aguarda o retorno.

Tortura

Segundo a defesa de Edison Brittes, entre as torturas estariam o isolamento do réu por 60 dias sem motivação; recolocação no isolamento absoluto por mais 50 dias; entrega de comida azeda, não fornecimento de água potável e agressões físicas sistemáticas dos agentes.

Outras reclamações são a internação em ambiente escuro, sem luz (sendo impossível saber quando é dia e quando é noite), sem banho de sol, colchão molhado e recados opressivos com o seguinte conteúdo: “o espaço vai ficar pequeno pra você aqui”.

As violências contra o réu teriam piorado após o mesmo ter relato os abusos para as autoridade de Piraquara.

Por conta de todas estas situação relatadas, os advogados de Brittes requereram a transferência para um presídio próximo à sua família e providências contra as violências sofridas.

Ele está preso desde novembro de 2018 e atualmente é a única pessoa presa pelo crime contra o jogador. Edison Brittes Junior responde por homicídio qualificado, ocultação de cadáver, fraude processual, corrupção de menor e coação no curso do processo.

Relembre o caso

Réu confesso, Edison Brittes afirma que matou Daniel para evitar o que acreditava ser uma tentativa de estupro contra a esposa, Cristiana Brittes. De início, tudo foi visto como um grande mistério e um detalhe intrigava a todos: o órgão sexual da vítima foi decepado antes de o corpo ser abandonado no local.

A filha do casal, Allana Brittes, era a aniversariante do dia 26 de outubro e foi o motivo para Daniel estar na capital paranaense. O jogador do São Bento foi chamado para uma festa em uma casa noturna do bairro Batel, em Curitiba, e posteriormente foi até a casa da Família Brittes, onde o crime viria a acontecer.

Segundo a denúncia do Ministério Público do Paraná (MP-PR), Daniel teria sido flagrado por Edison Brittes Junior na cama com Cristiana Brittes, momento em que a série de agressões começou.

Além de Brittes, teriam participado do espancamento os jovens David Willian Vollero Silva, Eduardo Henrique Ribeiro da Silva e Ygor King. A vítima, destaca o MP, “encontrava-se sozinha, desarmada e indefesa, impossibilitada de esboçar qualquer gesto defensivo, dada a superioridade numérica dos codenunciados”.

Com Daniel já praticamente desacordado, ele foi levado no porta-malas de um veículo Veloster até a Colônia Mergulhão, na zona rural de São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, onde o crime teria terminado de ocorrer.

Nos depoimentos, os acusados afirmam que a intenção até aquele momento era de fazer Daniel passar vergonha pelo ocorrido, mas algo no celular teria feito Edison Brittes mudar de ideia e executar o crime.

Além da Família Brittes e dos três envolvidos nos espancamentos, uma sétima pessoa foi denunciada pelo MP-PR: trata-se de Evellyn Brisona Perusso, que recentemente voltou a figurar no noticiário policial ao ser detida por tráfico de drogas.

Atualmente, mais de dois anos após o crime, os sete acusados aguardam a realização de júri popular.



Fonte: Banda B