Capitão alvo de operação por furto de petróleo foi preso três vezes em 11 anos


O capitão da PM Marcelo Queiroz dos Anjos, alvo de uma operação da Polícia Civil e do Ministério Público do Rio (MPRJ) na última terça-feira contra uma quadrilha especializada em furto de petróleo dos dutos da Petrobras, foi preso três vezes nos últimos 11 anos. Em todas as ocasiões, o oficial foi acusado de chefiar organizações especializadas em furtos. Das duas primeiras vezes em que o capitão foi preso, em 2010 e 2017, cabos de internet e telefonia eram os produtos dos crimes. Mesmo com a ficha repleta de acusações, o capitão conseguiu se manter na PM, recebendo salários durante todo o período. Em fevereiro passado, por exemplo, ele embolsou R$ 8.377,43 líquidos. Atualmente, Queiroz estava lotado na Diretoria Geral de Pessoal (DGP), considerada a “geladeira” da corporação. Ele se entregou à polícia na tarde de ontem, após ter a prisão decretada pela 1ª Vara Criminal Especializada.

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A primeira prisão do oficial aconteceu em agosto de 2010. Na ocasião, ele foi detido em flagrante quando participava do furto de cabos de telefonia em Botafogo, na Zona Sul do Rio. Queiroz e um outro capitão foram flagrados dando cobertura aos comparsas para evitar a aproximação da polícia durante a retirada dos cabos. Três anos depois, no entanto, o capitão fez um acordo com a Justiça e conseguiu suspender o processo. Em janeiro de 2017, ele seria novamente preso por integrar uma quadrilha especializada no furto de cabos de telefonia e internet. Condenado em primeira instância a dez anos de prisão por ser o “chefe da organização, angariando participantes e fazendo pagamentos”, Queiroz recorreu e foi absolvido em junho de 2019, quando foi posto em liberdade novamente.

Capitão já foi alvo de três operações e se mantém na PM
Capitão já foi alvo de três operações e se mantém na PM

Para seguir nas fileira da corporação, Queiroz se vale da morosidade da Justiça. Em junho de 2014, desembargadores da Seção Criminal do Tribunal de Justiça do Rio declararam o capitão “indigno para o oficialato” e determinaram “a perda do posto e patente”. A decisão foi a conclusão do Conselho de Justificação — processo administrativo que avalia a conduta de oficiais acusados de crimes — aberto contra o capitão após sua primeira primeira prisão por dar cobertura ao furto de cabos na Praia de Botafogo. Antes de o processo chegar à Justiça, um colegiado de oficiais da PM já havia opinado pela sua exclusão e o então secretário de Segurança da época, José Mariano Beltrame, concordando com o parecer, encaminhou o caso ao TJ.

A decisão não foi cumprida até hoje por conta dos vários recursos impetrados pela defesa do capitão. Até agora, nenhum deles foi acolhido. O oficial não desiste: o apelo mais recente aguarda julgamento no Superior Tribunal de Justiça (STJ). A sessão da 6ª Turma que deve avaliar o recurso está marcada para o próximo dia 16.

Depósito onde a quadrilha armazenava o petróleo bruto
Depósito onde a quadrilha armazenava o petróleo bruto Foto: Reprodução

Um outro Conselho de Justificação, referente à segunda prisão de Queiroz por furto de cabos de telefonia, foi aberto em 2018. Atualmente, o processo tramita na PM e deve ser encaminhado à Justiça ainda este ano.

Um terceiro processo administrativo será aberto por conta da nova prisão. Para a Polícia Civil e o Ministério Público do Rio (MPRJ), Queiroz é o chefe da quadrilha especializada em furtos, “responsável por coordenar a complexa logística que se inicia com a escolha do duto a ser perfurado até a subtração do combustível”. De acordo com a denúncia do MPRJ, o capitão é responsável “pelo pagamento dos demais integrantes e pelo financiamento do material utilizado na instalação da derivação clandestina”.



Fonte: Fonte: Jornal Extra