Biomédica é presa em flagrante durante consulta; ela se passava por dermatologista em clínicas da Barra e da Zona Norte do Rio; vídeo


Uma falsa médica foi presa em flagrante quando dava uma consulta a uma agente que se passou por paciente. A biomédica Ana Carolina Almeida Campos realizava procedimentos invasivos, além de usar o carimbo de um médico para prescrever exames, segundo investigaram policiais civis da Delegacia de Defraudações, responsáveis pela prisão. A policial gravou todo o atendimento, quando foram indicados os procedimentos.

Ana Carolina realizava consultas em diversos consultórios na cidade do Rio, como na região da Zona Norte e no bairro da Barra da Tijuca. Nesses locais, segundo as investigações a cargo do delegado Alan Luxardo, ela fazia intervenções invasivas e prescrições de exames, utilizando o carimbo de outro médico.

— Na verdade, além de ela fazer os procedimentos relativos à sua área, ela invadia a esfera da medicina. Então, ela fazia procedimentos invasivos, o que é vedado aos biomédicos, ela prescrevia indevidamente exames de sangue e outros tipos de exame até usando o carimbo de um médico, sem o seu consentimento. E isso representa um risco aos pacientes — disse o delegado.

Em seu perfil numa rede social, Ana Carolina falava sobre os tratamentos que oferecia durante seus atendimentos e comentava a rotina, em que enfatizava “muitos pacientes se cuidando e, principalmente, se amando muito mais”. Parte das publicações tem dicas de cuidados, como para cabelos e pele, e resultados de intervenções, como preenchimento labial e facial e de aplicação de botox.

Ana Carolina contava, em seu perfil em rede social, sobre sua rotina de atendimentos nos consultórios
Ana Carolina contava, em seu perfil em rede social, sobre sua rotina de atendimentos nos consultórios Foto: Reprodução

O flagrante foi durante uma consulta em que a paciente era, na verdade, uma policial que fez o agendamento para apurar as ilegalidades. A agente foi examinada e recebeu a prescrição para exames de sangue com o carimbo de um outro médico. A ação foi gravada pela agente.

— A gente pode analisar nos vídeos que ela, realmente, tinha uma mensagem convincente. Ela falava com propriedade. Isso causa um maior temor ainda porque as pessoas passam até a recomendar essa pessoa para outros amigos. E aí vai aumentando o risco de acontecerem problemas sérios de saúde — salientou Luxardo.

Ana Carolina foi presa pelos crimes de falsidade ideológica e uso de documento falso.

De acordo com a advogada da biomédica, Danielle Motta, a profissional tem a formação acadêmica necessária para fazer os tratamentos ofertados, como aplicação de botox, tendo concluído pós-graduação em estética. Com isso, segundo a defesa, Ana Carolina não estava em exercício ilegal da medicina.

— A biomédica Ana Carolina Almeida Campos é profissional habilitada para realizar todos os procedimentos que ela opera em sua clínica e em momento algum exercia a medicina, deixando claro às policiais infiltradas que ela atendeu, que deveriam procurar médicos para realizar tratamento e fazer exames que não estão na sua alçada — disse a advogada.

Segundo a defesa, Ana Carolina pegou fiança e está em casa.

Prisão de estudante que fingia ser médica

Estudante de Odontologia Nathiely da Silva do Nascimento se passava por médica no Miguel Couto e tinha até 'crachá'
Estudante de Odontologia Nathiely da Silva do Nascimento se passava por médica no Miguel Couto e tinha até ‘crachá’ Foto: Reprodução

Em agosto, a polícia também prendeu em flagrante Nathiely da Silva do Nascimento, de 20 anos, que fingia ser médica do Hospital Municipal Miguel Couto, na Gávea, Zona Sul do Rio. Ela se apresentava como médica especialista em ortopedia e traumatologia da unidade. Na página no Instagram dela, na qual tinha 6,5 mil seguidores, ela mostrava detalhes de uma suposta rotina de médica, com fotos dando plantões, usando jaleco com seu nome e segurando um estetoscópio.

Nathiely é estudante de odontologia. Na audiência de custódia, o juiz Antonio Luiz da Fonsêca Lucchese, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, decidiu mantê-la presa. O magistrado levou em consideração a prisão em flagrante da mulher, que apresentou crachá falso da unidade, jaleco, além das postagens nas redes sociais, “tudo colaborando para os indícios de que o flagrante não seria algo isolado na vida da custodiada”.



Fonte: Fonte: Jornal Extra