Avó de Hallan diz à polícia que irmãos do menino não estavam na escola

A avó de Hallan Luiz Silva Ramos Ventura, de 7 anos, — menino que morreu após cair da janela do prédio onde morava, no Andaraí, na Zona Norte do Rio —, Marise Alves da Silva, afirmou à polícia que dois de seus netos não estão matriculados em nenhuma escola. Ela disse também que trabalha durante toda a semana e que tinha o hábito de deixar Hallan na escola ao sair de casa. Segundo ela, a filha, Jéssica Silva Ramos, mãe das crianças, procurava uma unidade de ensino para seus outros dois filhos, de 4 e 8 anos. Ela, no entanto, não diz há quanto tempo as crianças estão sem estudar.

No depoimento à 20ª DP (Vila Isabel), a avó das crianças conta ainda que passou três dias fora de casa, e que, no domingo, esteve no apartamento apenas para buscar um documento, por volta das 8h. Quando chegou lá, segundo o relato, Hallan e o irmão mais velho, de 8 anos, estavam sozinhos. Ela, então, pegou o documento, deu um lanche para as crianças e as deixou assistindo televisão.

O prédio no Andaraí de onde a criança caiu
O prédio no Andaraí de onde a criança caiu Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo

Marise conta também que seu neto Luiz Henrique de Souza Ramos, filho de Luis Felipe Silva Ramos, deixou a residência pouco antes dela chegar, para levar seu primo mais novo à casa de sua madrinha.

Veja o que dizem os depoimentos:

Jéssica Silva Ramos

Mãe das crianças, Jéssica afirmou, em depoimento, que deixou as crianças sob responsabilidade de seu sobrinho Luiz Henrique até que Stephan, pai dos meninos de 7 e 8 anos, os buscassem. Ela, que foi a um passeio de barco em Ilha Grande, também disse à polícia que pedira para o sobrinho levar a criança mais nova para a casa de sua madrinha. Para isso, ela disse ter deixado dinheiro em casa para que Luiz Henrique levasse o menino de ônibus e voltasse de Uber. Ele também deveria levar os outros dois primos junto e retornar com eles.

Jéssica disse ter combinado com Stephan, pai de Hallan e do menino mais velho, que ele pegaria os filhos por volta das 10h de domingo. Segundo a mãe das crianças, como havia combinado de Stephan buscar os filhos naquele dia, por volta das 7h, Jéssica pediu para que Luiz Henrique ligasse para o pai das crianças confirmando o horário que ele buscaria as crianças. Por conta do passeio de barco, Jéssica alega ter ficado sem sinal no telefone. Ela conta que, por volta das 9h, ela falou com o sobrinho pela última vez, pedindo para dar banho nas crianças e que aguardar por Stephan.

Ela diz que não tinha conhecimento de que Luiz Herique sairia para trabalhar no dia 26 e que deixaria as duas crianças sozinhas no apartamento.

Luiz Henrique de Souza Ramos

Sobrinho de Jéssica e primo de Hallan, Luiz Henrique diz que cuidou das crianças em apenas três ocasiões, a pedido de sua tia. Segundo ele, Jéssica o avisou, no dia anterior ao do acidente, que sairia na manhã de domingo, sem dizer para onde. Quando Luiz Henrique acordou, às 7h, Jéssica não estava mais em casa. Como sua tia havia pedido para levar o primo mais novo à casa da madrinha, ele saiu com o menino às 8h, deixando as outras duas crianças sozinhas em casa.

Luiz Henrique diz ainda que Jéssica informara a ele que Stephan, pai de Hallan e do menino mais velho, buscaria as crianças, mas também não disse o horário. À polícia, Luiz Henrique afirma que ao passo em que saía de casa com o menino de 4 anos, sua avó, Marise, chegava ao local.

Às 9h50, ao retornar, ele conta que sua avó ainda estava na residência com as crianças, mas que havia o informado que sairia. Ele pegou sua mochila e foi trabalhar.

Marilene Inocencio

Síndica do prédio e madrinha da vítima, Marilene contou que por volta das 11h40 de domingo o irmão mais velho do menino bateu em seu apartamento, afirmando que a criança caíra da janela. Ela mora há 35 anos no edifício, é vizinha da família e madrinha da vítima.

Segundo Marilene, o menino de 9 anos — que a chama de avó — chegou em seu apartamento dizendo: “Vovó, vovó! O Hallan caiu da janela tentando passar para a janela do quarto da vó Marise”. A síndica disse, ainda, que a criança estava “em estado de choque”.

Ela alega que seu afilhado, Hallan, e o irmão mais velho estavam sozinhos em casa, e que Jéssica tinha o costume de deixar os filhos sós para ir a baladas aos fins de semana. Ela, porém, também afirma que Jessica é uma boa mãe e que cuida bem dos filhos.

‘Confiado em quem não deveria’

Em um desabafo feito numa rede social, Jéssica afirmou que não deixou o menino que morreu e seu outro filho mais velho sozinhos em casa. Ela disse que eu único erro “foi ter confiado em quem não deveria”. E também que para sempre carregará a dor da perda do filho.

“Eu não vou mais tocar nesse assunto, só quero que parem de falar o que não sabem. Eu não deixei meus filhos sozinhos, o meu único erro foi ter confiado em quem não deveria. Respeitem minha dor, só eu sei o quanto eu amava e fazia de tudo pelos meus filhos!!! E, sim, vou carregar essa culpa para o resto da minha vida”, escreveu Jessica.

“Nada e nem o tempo irá amenizar a dor que estou sentindo, esse buraco vai ficar para sempre na minha vida!”, continuou a mulher.

Fonte: Fonte: Jornal Extra