Armas citadas em cadernos de contabilidade de Ecko valem quase R$ 8 milhões, estima Polícia Civil


RIO — Estimativas da Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (Desarme), da Polícia Civil do Rio, dão conta de que as 137 armas citadas em cadernos de contabilidade apreendidos por agentes da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco) na casa onde Wellington da Silva Braga, o Ecko, foi encontrado totalizam R$ 7.680.000,00. O cálculo é feita com base em investigações que mostram os valores médios que são negociados no mercado clandestino as pistolas e os fuzis descritos nas 61 páginas obtidas pelo EXTRA.

Registros da milícia: Grupo miliciano rival começa a ocupar território que era dominado por Ecko na Zona Oeste do Rio, relatam moradores

De acordo com o delegado Gustavo Rodrigues, titular da Desarme, cada AR-15 – de origem norte-americana e derivada do M16, utilizada pelo Exército dos Estados Unidos – custa aproximadamente R$ 70 mil. Nos escritos de Ecko, havia menção a 98 fuzis desse modelo. O FAL, de 7.62 milímetros – originário na Bélgica e adotado por militares do Exército brasileiro desde 1964 – e o paraFAL – do mesmo calibre, de fabricação nacional – são citados seis vezes e uma vez, respectivamente, nos cadernos.

Em relação às pistolas, são elencadas 32, de diferentes tipos e modelos. Segundo inquéritos da Desarme, essas armas são traficadas para grupos criminosos por cerca de R$ 10 mil. Há a possibilidade de policiais envolvidos com os paramilitares fazerem a revenda, por valores menores, do chamado “espólio de guerra”, composto por armamentos apreendidos com outros bandidos. Nos cadernos, há menções ainda a carregadores e munição. Os registros atrelam os nomes de outros bandidos e pelo menos 29 regiões no Rio e municípios da Baixada Fluminense, como Belford Roxo e Itaguaí.

No rastro de Ecko: Veja a cronologia da caçada ao miliciano Ecko, morto nesse sábado em ação da Polícia Civil

Como o EXTRA mostrou, as anotações mostram a divisão por áreas em cada folha. Em uma delas, há a palavra “Caroba” no topo – provavelmente se referindo Estrada da Cabora, próximo à comunidade da Carobinha, em Campo Grande, na Zona Oeste da cidade. À região, são atribuídos oito fuzis AR-15, 31 carregadores para esse tipo de armamento, além de 11 carregadores para fuzis calibre 7.62 e 740 balas. À localidade identificado como “Santa Maria”, são atribuídas quatro AR-15 e 22 carregadores. À “Campinho”, são quatro AR-15, uma pistola e 100 balas de calibre 556. Ao “Jardim Maravilha”, são dois Ar-15 com seus carregadores.

Há algumas páginas que constam os nomes e apelidos de comparsas e aliados da quadrilha de Ecko. A um deles, chamado de “Malvado”, há a menção a quatro AR-15, com 30 carregadores, e um fuzil G-3, com cinco carregadores. Ao identificado como “LC”, há escrito: “01 FAL com 15 carregadores”. Ao “Lobão”, há menção a um Ar-15 com cinco carregadores.

Origem do armamento: Desvio de munição da PM deu mais poder à milícia de Ecko

Todo material apreendido está sendo analisado pela Polícia Civil do Rio, que investiga quem ficará no lugar de Ecko, até então era tido como criminoso mais procurado, no comando da maior milícia em atuação no estado. Após ser monitorado por seis meses, ele foi rendido em uma ação de inteligência que contou com a participação de 21 homens e dois helicópteros da corporação, quando visitava a mulher, na madrugada de sábado, em Paciência, na Zona Oeste.

Para governador: ‘Quem dera fosse só tirar uma cabeça para desmontar tudo’, diz Castro sobre milícia de Ecko

De acordo com os agentes, Ecko tentou fugir pelos fundos da casa e foi baleado durante o confronto. Já na viatura, a caminho do hospital, ele tentou pegar a arma de uma policial e foi morto. O corpo do miliciano foi enterrado anteontem, no cemitério Jardim da Saudade, no mesmo bairro. A cerimônia contou com a presença de mais de 100 pessoas e teve mais de cinco minutos de fogos.



Fonte: Fonte: Jornal Extra