Aliança inédita entre Ecko e capitão Adriano permitiu coalizão com diferentes facções e expansão da milícia do Rio; confira


Se Carlinhos Três Pontes, irmão mais velho de Wellington da Silva Braga, o Ecko, foi fundamental para que a milícia expandisse suas atividades para áreas dominadas pelo tráfico, após sua morte, a ascensão do novo chefe, colocou em desuso o antigo nome Liga da Justiça que identificava o grupo miliciano que atuava na Zona Oeste. A partir daí seus próprios integrantes passaram a ser conhecidos por Bonde do Ecko. O líder da milícia foi morto neste sábado em uma operação da polícia.

A aproximação entre Ecko e Adriano da Nóbrega, também miliciano, ex-capitão do Bope apontado como um dos maiores matadores de aluguel do Rio, teve consequências importantes na geopolítica do crime no Rio. A cumplicidade entre os dois tornou possível uma inédita aliança entre diferentes grupos criminosos, que acabou ampliando o avanço das milícias pelo estado. Se antes os grupos paramilitares das zonas Oeste e Norte agiam de forma independente e descoordenada, após a aproximação entre Ecko e Adriano passaram a ser sócios, atacando favelas dominadas pelo tráfico e, juntos, defendendo seus redutos de ataques rivais.

A expansão da milícia da Zona Oeste pela Baixada se tornou possível graças a uma série de pactos fechados entre Ecko e paramilitares locais, que tinham dificuldade de se estabelecer em razão das investidas do tráfico. Os acordos, na prática, criaram grande coalizão chefiada por Ecko. Com essa união, milicianos da Baixada — muitos deles, policiais — se beneficiaram obtendo reforço de armas e homens, o que significa proteção para expulsar traficantes ou facções inimigas da região.

Já Ecko, ao passo que fornecia mais aparato aos novos aliados, recebia em troca uma parte do que as quadrilhas locais arrecadavam com suas atividades criminosas — exploração de gás, TV a cabo, transporte alternativo (vans e mototáxis) e cobrança de “taxas de segurança”.

Uma mensagens num celular apreendido, em fevereiro de 2018, a polícia descobriu que o chefão, às vésperas do assassinato da vereadora Marielle Franco, estava preocupado com a repercussão de ações de pistoleiros e com possíveis consequências.

Mão de ferro

Wellington da Silva Braga, o Ecko, era considerado o miliciano mais procurado do Rio de Janeiro. O Disque Denúncia oferecia recompensa de R$ 10 mil por informações que levassem ao seu paradeiro. Também era conhecido por controlar com mão de ferro a maior milícia do estado. E possuía uma longa lista de mandados contra si, por homicídio, crimes de organização criminosa, extorsão, posse ou porte ilegal de arma, associação criminosa e ocultação de bens. É acusado, entre outras coisa, de ter emprestado armas e homens para a guerra contra o tráfico na Praça Seca, na Zona Oeste, bairro que há anos sofre com tiroteios quase que diários.

Ao contrário de outros milicianos, em geral policiais, Ecko era servente de pedreiro. Ao assumir o posto do irmão, expandiu os braços da milícia e passou a dominar comunidades na Zona Oeste do Rio e na Baixada Fluminense, diretamente ou por meio de seus aliados.

Segundo o Portal dos Procurados, investigações da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) apontavam que uma de suas estratégias era a de manter aliança com uma facção criminosa no estado, além de admitir ex-traficantes em seu grupo e permitir o tráfico de drogas em territórios os quais mantém controle ao ganhar parte dos lucros.

Se Carlinhos Três Pontes, irmão mais velho de Ecko, foi fundamental para que a milícia expandisse suas atividades para áreas dominadas pelo tráfico, após sua morte, a ascensão do novo chefe, colocou em desuso o antigo nome Liga da Justiça que identificava o grupo miliciano que atuava na Zona Oeste. A partir daí seus próprios integrantes passaram a ser conhecidos por Bonde do Ecko.



Fonte: Fonte: Jornal Extra