Acusados de montar pirâmide financeira mantinham até ‘fazenda’ de computadores no Paraguai para simular operações com bitcoins


A Delegacia de Defraudações (DDEF) da Polícia Civil do Rio indiciou cinco suspeitos de integrarem uma quadrilha acusada de manter um esquema de pirâmide financeira que cooptava vítimas em diversos pontos da capital fluminense e até em outros estados. Ao todo, de acordo com os investigadores, o grupo chegou a receber pelo menosR$ 14 milhões de centenas de pessoas, que aportavam desde valores menores até milhares de reais de uma única vez, na expectativa de obter retornos altíssimos alcançados a partir de supostas transações com criptomoedas.

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Luiz Gustavo Santos de Pontes Galvanho, Max Moreira Quintino, Raphael Ramiro Cardoso de Lacerda, Thiago Achilles de Souza Braga e Wesley Sousa Aragão tiveram a prisão pedida à Justiça pela especializada. Eles respondem pelos crimes de estelionato, associação criminosa e crime contra a economia popular. Nenhum deles tinha passagens anteriores pela polícia.

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Aos investidores, o grupo alegava que fazia operações da chamada mineração de bitcoins, processo que demanda grande aparato tecnológico. A quadrilha até mantinha “fazendas de mineração” — centrais compostas por dezenas de computadores modernos — no Paraguai, por conta do custo mais baixo da energia elétrica. Para a polícia, porém, tudo não passava de fachada, de modo a conferir uma aura de legalidade à atividade criminosa.

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Segundo a DDEF, o grupo prometia lucros exorbitantes aos clientes cooptados, mas era a entrada de novos integrantes que possibilitava a continuidade do esquema, caracterizando a pirâmide financeira. Além disso, muitas vezes os pagamentos prometidos só eram realizados por no máximo dois ou três meses, deixando as vítimas em enorme prejuízo.

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— Muitas pessoas faziam empréstimos para ingressar, ou então davam tudo o que tinham a esses criminosos, que contam com uma estrutura enorme, com vários funcionários. Eles abordavam as vítimas até mesmo pessoalmente — explica o delegado Alan Luxardo, titular da especializada.

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Thiago Achilles de Souza Braga em sala com computadores que, para a polícia, servia só como fachada
Thiago Achilles de Souza Braga em sala com computadores que, para a polícia, servia só como fachada Foto: Reprodução

De acordo com Luxardo, Luiz Gustavo Calvanho era o cérebro da operação e chefe da quadrilha. Os outros quatro indiciados ficavam responsáveis por gerenciar células do bando, cada uma cooptando mais clientes. Pessoas mais abaixo na hierarquia do grupo chegavam a receber comissões quando traziam novas vítimas para dentro do esquema.

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Nas redes sociais, Calvanho costumava ostentar uma vida de luxo, com fotos de viagens internacionais e bens de alto valor, como carros importados. Para Luxardo, o estilo das postagens ajudava a atrair interessados. Os perfis, contudo, acabaram deletados da internet. A polícia desconfia que o chefe do bando pode ter fugido em definitivo para Dubai, nos Emirados Árabes, após saber que estava sendo investigado.

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Segundo a DDEF, embora o primeiro inquérito tenha sido concluído com o indiciamento dos cinco suspeitos, outras apurações estão em curso. Com a investigação desmembrada, o objetivo principal, agora, é detectar outras empresas envolvidas na fraude.



Fonte: Fonte: Jornal Extra