A dois dias de júri, defesa diz que não há provas para condenação de Manvailer; acusação espera pena máxima


A morte de Tatiane Spitzner começa a ter uma definição, a partir desta quarta-feira (10), com a realização do júri popular. Encontrada morta no entorno de um prédio de Guarapuava, no Centro-Sul, o caso gerou protestos em várias cidades do Paraná, principalmente após a divulgação de imagens das agressões sofridas por ela momentos antes de ter o corpo encontrado. O marido de Tatiane, Luis Felipe Manvailer, é acusado pelo crime e vai responder por feminicídio, qualificado por morte mediante asfixia e meio cruel, além de fraude processual.

Mesmo com tentativas por parte da defesa de mudar o local do júri, a Justiça optou pela realização em Guarapuava, cidade do ocorrido. O advogado Claudio Dalledone afirma que não há provas para a condenação de Manvailer. “Temos elementos suficientes para provar que Luis Felipe Manvailer não assassinou Tatiane Spitzner. Aquilo que está filmado, dele agredindo, é reprovável e ele já está pagando por isso. No entanto, não há prova testemunhal, documental ou mesmo pericial que possa minimamente alicerçar uma condenação pelo feminicídio”, disse ele em entrevista à Banda B.

Foto: Reprodução/Facebook

O posicionamento tem como base um dossiê elaborado ainda em 2019. Segundo a defesa, todas as provas do processo criminal apontam para a ocorrência de um suicídio. Dalledone pede que os jurados não se deixem levar por pressões externas. “A influência da mídia ou dos juízes das redes sociais não podem conduzir um julgamento de tamanha seriedade e responsabilidade que recai sobre os julgadores”, pediu o advogado.

Acusação

Para o Ministério Público do Paraná (MP-PR), porém, não há dúvidas da ocorrência do crime. Segundo a denúncia, Manvailer promoveu uma série de agressões contra Tatiane após uma discussão quando retornavam de uma casa noturna, tendo, ao final das discussões, lançado-a da sacada do apartamento onde residiam, no 4º andar. Consta da denúncia que, durante as agressões, o acusado “produziu lesões compatíveis com esganadura (…) praticando tal delito mediante asfixia”.

Para a família de Tatiane, a expectativa é de condenação com pena próxima do máximo. Segundo o advogado Gustavo Scandelari, este seria o único fim justo para o caso. “A expectativa da família é de que o julgamento vai culminar na condenação com pena próxima do máximo, que seria a única solução justa possível. Nós imaginamos que a defesa vai insistir naquelas teses de suicídio, de que Tatiane era depressiva, o que já foi totalmente refutado pela acusação, porque temos os laudos técnicos que comprovam que ela foi morta por asfixia”, argumenta.

Scandelari lembra que Manvailer não ligou para ninguém ou pediu socorro após o fato, o que seria mais um indicativo da responsabilidade pelo assassinato. “Existe um laudo do IML que comprova que as lesões que o corpo apresentou por conta da queda foram causadas quando ela já estava morta. E o comportamento dele logo após o fato de nunca ter procurado socorro, ligado para alguém e depois simplesmente fugir para o Paraguai. Tudo isso aponta para uma conclusão segura e serena de que ele é culpado”, defendeu o advogado.



Fonte: Banda B