Bicheiro Rogério Andrade tem prisão decretada pela morte de Fernando Iggnácio e já é considerado foragido


A Polícia Civil faz buscas pelo bicheiro Rogério Andrade, que teve a prisão decretada pela juíza Viviane Ramos de Faria, da 1ª Vara Criminal do Fórum da Capital, na noite de sexta-feira, por ser o mandante do assassinato do contraventor Fernando de Miranda Iggnácio. Até o início da tarde deste sábado, Rogério ainda não havia sido localizado, por isso já era considerado foragido. As buscas, feitas pela Delegacia de Homicídios da capital, tiveram início na madrugada deste sábado. Um dos locais onde os agentes procuraram o contraventor foi em um condomínio de luxo na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio.

Leia mais:

Polícia investiga se PM reformado, suposto segurança de Rogério de Andrade, teria encomendado a morte de Fernando Iggnácio

Questionado pelo EXTRA se Rogério irá se entregar à polícia, o advogado Raphael Mattos afirmou que o contraventor está “avaliando todas as hipóteses” com os seus advogados. Mattos afirma que há fatos estranhos na investigação, já que há uma semana o inquérito estava concluído sem qualquer indicação ao nome de seu cliente.

Foto: Divulgação/Polícia Civil

— Esta semana, o inquérito, que deveria ter ido para Justiça, retornou à delegacia (após a conclusão) para aditar o relatório e incluir o senhor Rogério como um dos autores, sem qualquer fato novo. Aliás, ele se quer foi ouvido em meses de investigação, estranhamente sendo intimado nessa última semana, sem qualquer ciência dos advogados.Numa decisão de prisão toda baseada nas palavras do Ministério Público, sem qualquer elemento probatório — afirmou Raphael Mattos, acrescentando que Rogério não prestou depoimento, uma vez que a delegacia se recusou a dar acesso ao inquérito para a defesa.

Procurada, a assessoria de imprensa da Polícia Civil informou que o inidiciamento de Rogério Andrade no inquérito já concluído foi uma estratégia da DH em razão da descoberta de uma nova prova, além da informação do Ministério Público, em despacho posterior ao primeiro relatório, de que as demais provas que surgissem poderiam ser juntadas após a denúncia, “sem prejuízo para a instrução probatória”.

De acordo com o Ministério Publico, o primeiro relatório do delegado foi fornecido em razão do prazo da temporária que iria vencer, e lhe foi posteriormente devolvido. As demais peças para fechar o mandante do crime foram então reunidas.

“Houve o chamamento para oitiva e a defesa preferiu que o ato não se realizasse. Há provas suficientes para indicar a autoria, o que foi reconhecido pela Justiça”, acrescentou o MPRJ.

O advogado Ary Bergher, que também defende Rogério, afirmou que na segunda-feira será impetrado um habeas corpus no Tribunal de Justiça.

– Não há qualquer indício contra ele (Rogério) no inquérito. Foi escolhido a dedo apenas para dar uma resposta à sociedade – afirma Bergher.

Além dele, a magistrada manteve a prisão do homem apontado como braço direito de Andrade, o policial militar reformado Marcio Araújo de Souza. Iggnácio foi morto a tiros de fuzil no dia 10 de novembro do ano passado, num heliporto no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio. Ele era genro do bicheiro Castor de Andrade e sofreu uma emboscada quando chegava de helicóptero de Angra dos Reis. Segundo as investigações da Delegacia de Homicídios da Capital (DH), Andrade era sobrinho de Castor e ambos disputavam territórios da contravenção.

Leia também: Saiba quem é o PM reformado, principal segurança de Rogério de Andrade, que teria mandado matar Fernando Iggnácio

No início da noite de sexta-feira, o Ministério Público do Rio denunciou Andrade e Araújo como mandantes, assim como: o cabo Rodrigo Silva das Neves, Ygor Rodrigues Santos da Cruz, o ex-PM Pedro Emanuel D’Onofre Andrade da Silva Cordeiro e o policial militar de São Paulo Otto Samuel D’Onofre Andrade Silva Cordeiro como executores. Em janeiro, o cabo das Neves foi preso na Bahia. Cruz e os irmãos D’Onofre Andrade da Silva Cordeiro estão foragidos. A denúncia foi baseada no relatório do titular da DH, Moysés Santana, que apontou como motivação do crime a “disputa por pontos de exploração do jogo do bicho, videopôquer e máquinas caça-níquel”.

De acordo com as investigações, no dia do crime, enquanto um dos réus aguardava no veículo, outros três desembarcaram, por volta de 9h, e entraram em um terreno baldio que dá acesso à parte lateral do heliporto. Lá aguardaram a chegada da vítima, que vinha de Angra dos Reis. Iggnácio estava com a mulher, a filha de Castor de Andrade, que ficou no helicóptero. Como era de costume, Iggnácio desembarcou e foi buscar o carro, estacionado ao lado de uma churrasqueira no pátio do heliporto. Assim, ao tentar entrar no veículo, foi surpreendido pelos executores com disparos de fuzis FAL e AK-47, calibre 7.62. A víitima foi atingida por três disparos, sendo um deles na cabeça. Um dos atiradores se posicionou por cima do muro.

Rogério ainda não se entregou à polícia após ter prisão decretada
Rogério ainda não se entregou à polícia após ter prisão decretada Foto: Arquivo / Agência O Globo

Leia também:

Armas usadas para matar bicheiro na Zona Oeste do Rio foram utilizadas em outros dois assassinatos

— Começamos a investigação fazendo as buscas pelo carro utilizado pelos executores. Daí, encontramos o veículo abandonado, próximo ao prédio onde os suspeitos estiveram. Fizemos quebras telemáticas e interceptações telefônicas, além de encontrarmos uma testemunha que apontou alguns dos denunciados que trabalhavam para Araújo. Por fim, este último já foi flagrado por câmeras de segurança de um hospital, na Barra da Tijuca, em 2017, fazendo parte da segurança de Rogério Andrade. Tudo isso consta no relatório produzido na apuração do caso — explicou o delegado Moysés Santana.



Fonte: Fonte: Jornal Extra