Olha que notícia boa! Um tratamento experimental contra depressão profunda, à base de cogumelos psicodélicos naturais, deu certo. Os pacientes estão há 5 anos livres dos sintomas da doença.
É o que mostra uma pesquisa divulgada este mês no Journal of Psychedelic Studies. “Descobrimos que 67% estavam em remissão em cinco anos, em comparação com 58% em um ano”, disse o autor principal do estudo, professor Alan Davis, da Universidade Estadual de Ohio (EUA).
O estudo, que começou com um ensaio publicado em 2021, descobriu que a psilocibina — a principal substância psicodélica produzida por cogumelos e alucinógenos— era eficaz no tratamento do transtorno depressivo severo quando combinada com psicoterapia em adultos.
“Remissão completa”
Dois terços dos participantes dos ensaios clínicos, tratados com terapia assistida por psilocibina, estavam em “remissão completa” da depressão após cinco anos, e relataram uma melhora duradoura no bem-estar.
“Também observamos que, em geral, ansiedade, depressão, funcionamento global e depressão autorrelatada, todas essas medidas, mostravam o mesmo sinal de melhora contínua até cinco anos depois”, disse o professor Alan Davis.
“Cinco anos depois, a maioria das pessoas continuou a considerar esse tratamento seguro, significativo, importante e algo que catalisou uma melhoria contínua em suas vidas. Acredito que isso seja um sinal de que, independentemente dos resultados, suas vidas melhoraram porque participaram de algo assim”, afirmou.
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Como era a vida antes
Antes da terapia assistida por psilocibina, os pacientes viviam com depressão debilitante que interferia em sua capacidade de se envolver na vida.
Mas, após o ensaio, muitos descreveram a percepção da depressão como “mais situacional e controlável”.
“Eles acreditavam que, no geral, tinham maior capacidade para emoções positivas e entusiasmo, independentemente de a depressão ter voltado ou não”, esclareceu Alan Davis. “Muitas pessoas relataram que a terapia levarou a mudanças importantes na forma como se relacionavam com suas experiências de depressão.”
O estudo
O estudo pequeno começou em 2021. Foi feito com 24 participantes, sendo que 18 deles se inscreveram no acompanhamento de cinco anos, que consistiu em uma série de questionários e pesquisas online avaliando depressão, ansiedade e comprometimento funcional.
Dois grupos participaram, um recebendo tratamento imediato e outro em lista de espera para tratamento. Eles receberam duas doses de psilocibina combinadas com cerca de 13 horas de psicoterapia. 67% deles tiveram não sentem mais a depressão. Porém, os que não participaram do acompanhamento apresentaram recaída completa e retornaram aos seus níveis de funcionamento anteriores ao tratamento.
11 participantes não relataram efeitos adversos desde o ensaio clínico, enquanto 3 disseram não estar preparados para o estado elevado de sensibilidade emocional provocado pela psilocibina.
Reconhecendo que a amostra do estudo é pequena, Davis afirmou que ainda há muito a aprender, mas que esta primeira análise da durabilidade dos efeitos da terapia assistida por psilocibina oferece um vislumbre dos potenciais efeitos positivos duradouros do tratamento.
Melhora nos sintomas
Três participantes do acompanhamento disseram que não precisaram de tratamento relacionado à depressão desde o estudo.
Outros relataram tomar medicamentos antidepressivos, experimentar psicodélicos ou tratamento com cetamina ou fazer psicoterapia.
“Mesmo controlando as estimativas iniciais das pessoas que não participaram do acompanhamento de longo prazo, ainda observamos uma redução muito grande e significativa nos sintomas de depressão”, disse o Professor Davis. “Isso foi realmente emocionante para nós, pois mostrou que o número de participantes ainda em remissão completa da depressão havia aumentado ligeiramente.”
Algumas das pessoas que experimentaram psicodélicos por conta própria nos anos seguintes relataram que as experiências não foram tão úteis devido à falta de uma estrutura de suporte clínico.

67% da pessoas com depressão, tratadas com cogumelos psicodélicos, estavam em remissão da doença 5 anos depois, revela estudo feito nos EUA. – Foto: Oscar Yoshinori Toyofuku/Banco de imagens/Unsplash
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