Ricardo Nunes chama greve dos motoristas de ‘irresponsabilidade’ e diz ter sido ‘pego de surpresa’


Segundo o prefeito de São Paulo, resolução do impasse entre sindicato e empresas já tramitava no TRT, mas, mesmo assim, a categoria determinou a paralisação nesta quarta-feira

Isac Nóbrega/PR – 24/02/2022 Ricardo Nunes, prefeito de São Paulo
Prefeito da cidade de São Paulo, Ricardo Nunes

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), afirmou ter sido pego de surpresa pela greve dos motoristas de ônibus da cidade nesta quarta-feira, 29. Ele chamou o ato de “irresponsabilidade”. Segundo Nunes, o principal motivo para a nova paralisação já estava sendo discutido na justiça, mas teve a decisão final antecipada para hoje por causa do ato. “A prefeitura peticionou junto ao Tribunal Regional do Trabalho para que fosse antecipado o julgamento [do impasse entre motoristas e as empresas de ônibus], e o desembargador acatou. Está marcado para hoje, às 15 horas a decisão final, o julgamento dessa questão do dissídio dos motoristas e cobradores do transporte coletivo da cidade de São Paulo. Já estava com essa situação sendo tramitada na Justiça do Trabalho e, por isso, que a gente ficou muito indignado e [fomos] pegos de surpresa do sindicato fazer essa greve hoje, sabendo que já estava para ser decidida essa questão. Infelizmente, mais um dia, a cidade de São Paulo, dois dias dentro do mesmo mês, sofrendo com tantos problemas por conta dessa greve”, disse Nunes à Jovem Pan News.

Segundo o prefeito de São Paulo, nesta manhã há mais de 6 mil ônibus parados, afetando o deslocamento de 1,5 milhão de passageiros. “Da outra vez, só para a gente poder fazer uma comparação, nós tivemos o sistema local funcionando 100%, desta vez também. O sistema local é aquele sistema que são os ônibus que fazem os bairros, interligando com os terminais. E o sistema estrutural, que faz mais a ligação do centro, ele, da outra vez, não funcionou em 100% e, desta vez, uma empresa está funcionando, que é a empresa Express, da Zona Leste. Nós temos 5.775 ônibus mil operando e 6.080 paralisados. Essa empresa do sistema estrutural que está funcionando tem 461 ônibus ônibus operando na zona leste. Portanto, o que tem de diferente da outra greve é que, desta vez, nós temos 461 ônibus a mais operando hoje. Nós temos 2,3 milhões de passageiros que circulariam nesse período da manhã. 1,5 milhão estão sendo afetados por essa greve, por essa irresponsabilidade do sindicato dos motoristas”, informou Nunes.

Por ser considerado um serviço essencial, a justiça determina que, em caso de greve e paralisações, 80% da greve deve funcionar em horário de pico e 60% no restante do dia. Sendo assim, a ação do sindicato dos motoristas é passível de multa e penalização. “Eles não cumpriram isso da outra vez e continuam não cumprindo agora. Essa multa é uma multa do TRT de R$ 50 mil por dia, que a prefeitura já pediu que a justiça cobre. O que a gente fez aqui, pela prefeitura de São Paulo, foi não remunerar as empresas do sistema estrutural, da outra vez, em R$ 20 milhões, que seria o custo dos ônibus não saírem, mas também R$ 1,4 milhão de multa por conta do não cumprimento da realização das viagens”, disse o prefeito.

Segundo Ricardo Nunes, a negociação, travada atualmente, entre o sindicato dos motoristas de ônibus e os empresários deve ser feita entre eles e não cabe a participação do poder público. Entretanto, o prefeito disse que vai se engajar mais na situação, cobrando que as empresas mantenham uma negociação contínua com seus funcionários, a fim de evitar prejuízos em um serviço essencial para a população paulistana. “A prefeitura acabou entrando na justiça, no TRT, com essas petições porque trata-se de um serviço essencial, que não pode ser descumprido, por isso tem essa decisão judicial de 80%. Agora, o que eu já tenho falado e reforço é que as empresas que operam no sistema de transporte coletivo da cidade precisam manter um diálogo constante com seus funcionários. Não é possível que, todos os anos, a gente tenha esse tipo de problema, com ameaça de greve ou, no caso de agora, acontecer a greve, porque as empresas de ônibus não fazem ali a negociação contínua com seus funcionários. É uma coisa que eu vou, agora, solicitar às empresas que façam para a gente não ter, toda vez, esse sofrimento com a população”, afirmou. A prefeitura de São Paulo determinou a suspensão do rodízio de veículos para esta quarta-feira, 29, e liberou as faixas de ônibus para a circulação de carros, na tentativa de evitar transtornos no trânsito. Metrô e trens estão funcionando normalmente neste momento.





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