Remédio para insônia ajuda contra Alzheimer, descobre novo estudo


Uma nova pesquisa trouxe esperança de onde menos se esperava. A descoberta veio de um estudo promissor feito por pesquisadores da Universidade de Washington, nos Estados Unidos. Segundo eles, um remédio usado para tratar insônia, o Lemborexant, pode ter efeito protetor contra o Alzheimer.

Em testes realizados com camundongos, o medicamento foi capaz de reduzir o acúmulo da proteína Tau no cérebro, que está diretamente ligada ao avanço do Alzheimer. Segundo os cientistas, melhorar a qualidade do sono pode ter um impacto direto na saúde do cérebro, especialmente em pessoas propensas a desenvolver a doença.

Apesar de ter sido testado apenas em animais até agora, o resultado anima especialistas do mundo inteiro. O próximo passo é entender se os mesmos efeitos podem acontecer também em seres humanos e se isso poderá mudar o rumo do tratamento da doença.

O Alzheimer

O Alzheimer é uma doença que atinge o cérebro de forma progressiva, afetando a memória, o raciocínio e outras funções importantes do nosso dia a dia. É o tipo mais comum de demência, principalmente entre pessoas idosas, e representa mais da metade dos casos registrados no Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde.

Entre os primeiros sinais, está a perda da memória recente. Com o tempo, a pessoa pode começar a se esquecer de fatos importantes do passado, ter dificuldade para se orientar no tempo e no espaço e até mudar o comportamento.

A causa exata ainda é desconhecida, mas a genética e o acúmulo de proteínas anormais no cérebro estão entre os principais fatores suspeitos. É justamente uma dessas proteínas, a Tau, que o Lemborexant parece ser capaz de combater.

Leia mais notícia boa:

Como o remédio pode ajudar

O Lemborexant foi aprovado em 2019 pelo FDA, agência reguladora dos Estados Unidos, como um tratamento eficaz contra a insônia. No Brasil, ele ainda está em análise pela Anvisa desde 2022.

Além de melhorar o sono, o remédio agora também é visto como uma possível ferramenta para proteger o cérebro.

Nos testes realizados com camundongos, os pesquisadores perceberam que os animais que tomaram Lemborexant tiveram melhora no sono e apresentaram até 40% de reativação no hipocampo, área do cérebro relacionada à memória.

Em comparação com outros camundongos que receberam o remédio Zolpidem (também usado para insônia) ou nenhum medicamento, os resultados foram surpreendentes.

Segundo o neurologista David Holtzman, autor do estudo, os tratamentos atuais ajudam, mas ainda não conseguem retardar o Alzheimer como os médicos gostariam.

“Mostramos que o Lemborexant melhora o sono e reduz a Tau anormal, que parece ser o principal fator responsável pelos danos neurológicos observados no Alzheimer”, explicou.

O segredo dos resultados positivos

Embora o Lemborexant e o Zolpidem sejam usados para induzir o sono, eles funcionam de formas diferentes. E esse pode ser o grande segredo. O Lemborexant atua bloqueando a Orexina, um neuropeptídeo responsável por regular o sono e o estado de alerta.

Quando os cientistas desativaram geneticamente o receptor da Orexina 2, também perceberam uma redução nos níveis da proteína Tau.

Isso indica que a Orexina pode estar diretamente ligada ao avanço da neurodegeneração. Ou seja, ao controlar esse mecanismo, pode ser possível frear a progressão da doença ou até preveni-la.

Testes em humanos

Apesar das descobertas animadoras, os pesquisadores pedem cautela.

O estudo foi feito apenas com camundongos machos, o que significa que ainda não se sabe se os efeitos seriam os mesmos em fêmeas ou em seres humanos.

Outro ponto importante é que o Lemborexant só está aprovado para uso de curto prazo, e os efeitos do uso contínuo ainda não são conhecidos.

Mesmo assim, os resultados representam um avanço significativo. A expectativa é que os próximos testes mantenham os resultados positivos.

“Precisamos de maneiras de reduzir o acúmulo anormal da proteína Tau e a inflamação que o acompanha, e vale a pena analisar mais a fundo esse tipo de auxílio para dormir”, reforçou o pesquisador David Holtzman.

Veja aqui a pesquisa completa.

O novo estudo constatou que o remédio usado para insônia pode se tornar um tratamento promissor para o Alzheimer - Foto: Pixabay

O novo estudo constatou que o remédio usado para insônia pode se tornar um tratamento promissor para o Alzheimer – Foto: Pixabay



So Notícia Boa