Caraguatatuba e Ilhabela investem no uso do patinete elétrico como meio de transporte e menos, como uso recreativo. Equipamentos podem ser ótima opção para moradores e trabalhadores fugirem do trânsito congestionado nos feriados prolongados e temporada de verão
Por Salim Burihan
Os patinetes elétricos oferecem uma opção de mobilidade urbana prática, rápida e sustentável para deslocamentos curtos e médios em Caraguatatuba e Ilhabela. Os equipamentos devem ser uma ótima solução, especialmente, em feriados prolongados e na temporada de verão, quando as duas cidades litorâneas enfrentam trânsito congestionado.
Os equipamentos modernos, instalados pela iniciativa privada nas duas cidades nesta semana, com divulgação feita pelos próprios prefeitos Mates Silva, de Caraguatatuba e Toninho Colucci, de Ilhabela, tradicionalmente, são usados para uso recreativo, como passeios pelo calçadão ou ciclovias da orla, mas é uma ótima opção para o uso como transporte por moradores e trabalhadores, pois reduzem o tempo de viagem, o custo com combustível e estacionamento e as emissões de poluentes.
Os patinetes podem ser encontrados em sistemas de compartilhamento, onde o uso é pago por minuto através de um aplicativo, e são indicados para uso em ciclovias e, com velocidade reduzida, em calçadas.
O fundador e CEO da empresa de patinetes Jet é o russo Ilya Timakhovskiy. Ele iniciou a empresa em 2018 na sua cidade natal, Krasnodar, e atualmente a empresa foca no mercado sul-americano, com planos ambiciosos para o Brasil. Segundo a JET os patinetes que estão sendo locados em Caraguatatuba e Ilhabela funciona através de uma franquia, que foi lançado pela empresa nos países da CEI (Comunidade dos Estados Independentes) em março de 2021, em Almaty, no Cazaquistão.
No ano seguinte, a empresa se tornou o maior compartilhamento na CEI, com 10.000 patinetes na frota. A partir daí, não parou mais de crescer mundo a fora. O compartilhamento de patinetes elétricos é uma nova direção de negócios nos países da CEI. Entretenimento e transporte moderno e ecológico em um só lugar.
A empresa “JET” (ou JET Brasil opera o serviço de patinetes elétricos compartilhados através de um aplicativo móvel no Brasil, mas não fabrica os patinetes que utiliza. Os patinetes são importados de outros países. Agora não é mais necessário pedalar para contornar rapidamente os engarrafamentos. É conveniente levar um patinete elétrico para um ponto da cidade e terminar onde for conveniente para o cliente.
Em recente entrevista à um jornal brasileiro, Ilya Timakhovskiyy, de 30 anos, contou que na Ásia Central, assim como na Rússia, demorou mais ou menos 3 anos para as pessoas passarem do uso recreativo para uso como transporte. No Brasil esse processo dura de 6 a 18 meses. E isso muito a ver com a cultura do brasileiro, de usar micromobilidade como meio de transporte.
Segundo Ilya, que reside atualmente no Brasil, para acompanhar de perto expansão da JET no país. A empresa já tem 15 mil patinetes em 21 cidades. Ele coordena pessoalmente a instalação em novos municípios e pretende até o final deste ano duplicar o número de patinetes elétricos no país.
Caraguatatuba
Segundo a prefeitura de Caraguatatuba, duzentos patinetes elétricos compartilhados no perímetro das orlas dos bairros do Jardim Britânia e Martim de Sá, em Caraguatatuba, estão disponíveis para locação como opção de lazer ou até transporte para munícipes e visitantes do município. Os equipamentos de transporte individual ficam disponíveis para o público durante 24 horas, sete dias por semana, inclusive aos feriados.
O prefeito Mateus Silva, usou as redes sociais para anunciar a chegada da JET na cidade. Segundo o prefeito, a iniciativa integra a política de mobilidade urbana do governo municipal para adoção de meios de transportes sustentáveis e de fácil locomoção pelas vias da cidade, de acordo a Lei nº 2.241/2015 (Institui O Plano Municipal de Mobilidade Urbana do Município de Caraguatatuba – Planmob Caraguá) e a Resolução nº 996/2023 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), que dispõe sobre o trânsito, em via pública, de ciclomotores, bicicletas elétricas e equipamentos de mobilidade individual autopropelidos.
“Essa iniciativa chega para modernizar os deslocamentos em nossa cidade. Estamos investindo em mais essa alternativa prática para nossa população e visitantes, acelerando o futuro da mobilidade urbana em nosso município. É tempo de prosperidade”, comentou Mateus Silva, que testou o patinete elétrico(Foto).
A prefeitura explica que por meio da parceria firmada entre o governo municipal e a empresa responsável, a população tem a oportunidade de fazer uma espécie de “test drive” gratuito aos domingos no projeto Rua da Família, 7h às 13h, na Praça da Cultura, no Centro. Trata-se da Escola de Direção Segura, na qual os instrutores da empresa orientam as pessoas maiores de 18 anos sobre o cadastro no aplicativo, utilização dos veículos, sistema de freios, pequenas manobras e respeito às regras de trânsito local.
Segundo a prefeitura, futuramente, a frota deve ser ampliada para 400 patinetes e expandida para diversos bairros de Caraguatatuba. A Secretaria de Segurança Pública e Mobilidade Urbana fiscaliza o uso adequado dos veículos nas vias de Caraguatatuba.
Em Ilhabela, que enfrenta sério problemas de mobilidade urbana- a ilha possuí apenas uma rodovia, a SP-131, que liga o norte ao sudeste da ilha e ruas e avenidas reduzidas e limitadas, o uso do patinete e da bicicleta elétrica poderá ser uma ótima solução para que moradores, veranistas e turistas se desloquem pela orla central nos feriados prolongados e temporada de verão.
“O uso do patinete e bicicleta elétricos podem integrar o sistema de transporte público- os ônibus o aquabus, possibilitando aos moradores e turistas um deslocamento mais rápido pela ilha. Ilhabela está pensando no futuro”, comentou o prefeito Toninho Colucci (Foto), que fez questão de testar os dois tipos de equipamentos elétricos pelas ruas de Ilhabela.
Regras
Existem algumas normas: o usuário precisa ser maior de 18 anos para se registrar no sistema. Além disso, a responsabilidade pelo uso do patinete é totalmente do usuário registrado, mesmo que outras pessoas utilizem o veículo. O uso de capacete é opcional, mas é recomendada a utilização dos equipamentos de proteção adequados.
No início de cada viagem, o usuário pode observar pelo aplicativo como estacionar de forma adequada sem atrapalhar o trânsito de pedestres ou veículos. É proibido transportar carga, levar acompanhante ou animais de estimação.
Os dispositivos possuem 55 km de autonomia com a carga completa. O limite de velocidade máxima é de 20 km/h, no entanto, o limite máximo inicial será de 15 km/h. Confeccionados em aço, alumínio e plástico, os patinetes têm a capacidade de carga de 100 quilos.
Funcionamento
O modal de transporte pode ser utilizado por meio de inscrição no aplicativo (disponível para Android e IOS), após pagamentos via Pix ou cartão de crédito. O sistema utiliza tarifas dinâmicas para a ativação do veículo (início da viagem) e do uso por minuto, com os menores valores nos dias úteis, das 5h às 10h. Também é possível realizar assinatura ou compra de pacotes de minutos.
O custo para utilização é de R$ 0,59 por minuto em dias úteis e R$ 0,79 aos fins de semana. O usuário precisa pagar uma taxa de start (ativação) no valor de R$ 1,99 além do seguro, que é opcional. Em dias úteis, a taxa total (ativação + seguro) fica em R$ 4 e aos fins de semana pode chegar a R$ 6. Se optar por um plano de assinatura do serviço, passa a pagar apenas o valor da minutagem. Os veículos são rastreados pelo sistema de posicionamento global (GPS).
Acidentes
O crescimento do uso do patinete como meio de transporte em alguns países, entre eles, o Brasil, também, tem registrado um aumento no número de acidentes, alguns atritos no trânsito envolvendo motoristas e motociclistas até atropelamento de pedestres. A maioria dos acidentes envolvendo patinetes elétricos tem ocorrido devido à falta de experiência ao conduzir o equipamento, desatenção às normas e regras, o uso indevido de calçadas e o uso do equipamento sob efeito de álcool.
Um estudo feito pelo Departamento Federal de Estatísticas (Destatis), na Alemanha, apontou que em o número de acidentes envolvendo vítimas com patinetes elétricos no país chegou a 11.944 mil em 2024, um aumento de 26,7% em relação ao ano anterior e de 44% em comparação com 2023.
Destes, 1,5 mil pessoas ficaram gravemente feridas e 11,4 mil sofreram ferimentos leves. O número de mortos também cresceu: foram 27 vítimas fatais em 2024, ante 22 no ano anterior e 11 em 2022. Na Alemanha, jovens de até 25 anos são quase metade das vítimas. Em 2024, quase um terço dos acidentes e metade das mortes ocorreram sem envolvimento de outro veículo ou pedestres, ou seja, o piloto se acidentou sozinho. A polícia constatou que 12,4% dos condutores de patinetes elétricos envolvidos em acidentes estavam sob efeito de álcool.
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