A Rússia acusou a Ucrânia, nesta quarta-feira (3), de atacar o Kremlin com drones durante a noite em uma tentativa fracassada de matar o presidente Vladimir Putin.
O Kremlin afirmou que dois drones foram usados no suposto ataque à residência de Putin na cidadela do Kremlin, mas foram desativados por defesas eletrônicas.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, negou que seu país seja responsável pelo ocorrido. “Não atacamos Putin ou Moscou”, disse Zelensky a jornalistas na Finlândia.
Zelensky declarou que a Ucrânia não tinha armas suficientes para gastar em incidentes como este.
“Lutamos em nosso território, estamos defendendo aldeias e cidades. Não temos armas suficientes para isso. É por isso que não as usamos em nenhum outro lugar”, explicou Zelensky.
“Não atacamos Putin. Deixamos isso para os tribunais”, completou.
De acordo com o Kremlin, a Rússia se reserva o direito de retaliar – um comentário que sugere que Moscou pode usar o suposto incidente para justificar uma nova escalada na guerra com a Ucrânia.
“O lado russo se reserva o direito de tomar medidas de retaliação onde e quando achar adequado”, ressaltou o Kremlin em comunicado.
“Consideramos essas ações um ato terrorista planejado e um atentado contra a vida do presidente, realizado na véspera do Dia da Vitória, o desfile de 9 de maio, no qual também está prevista a presença de convidados estrangeiros.”
Presidente do Parlamento russo exige uso de armas para “destruir regime de Kiev”
O presidente da Câmara Baixa do Parlamento da Rússia, Vyacheslav Volodin, exigiu o uso de “armas capazes de parar e destruir o regime terrorista de Kiev”.
Em comunicado publicado no Telegram, Volodin disse que a Rússia não deve negociar com o presidente ucraniano após o suposto ataque.
A Rússia declarou anteriormente que está aberta a negociações de paz, deixando claro que só entrará em conversas sob seus próprios termos.
Não há evidências de envolvimento ucraniano, mostra análise da CNN
O Kremlin ainda não apresentou evidências físicas que apoiem a alegação do governo russo de que frustrou uma tentativa da Ucrânia contra a vida do presidente Putin, com um ataque de drone, embora tenham surgido vídeos que pretendem mostrar o ataque – incluindo o que parece ser o abate de um drone – e suas consequências.
A análise da CNN do vídeo que mostra o incidente apoia a afirmação do Kremlin de que dois drones voaram sobre a residência de Putin, mas a CNN não encontrou nenhuma evidência de envolvimento ucraniano.
A CNN analisou vídeos compartilhados pelo canal estatal russo TVC, que parecem mostrar que havia dois drones separados de direções diferentes há poucos minutos um do outro, com base nos horários exibidos no relógio da torre Spasskaya, nas proximidades.
O primeiro drone foi visto sobre o Kremlin às 2h27 (horário local). Ele explodiu sobre o Palácio do Senado e iniciou um incêndio no telhado do prédio.
O segundo drone foi registrado às 2h43 e seus fragmentos caíram no território do Kremlin.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, não mencionou o incidente durante uma ligação de rotina com repórteres cerca de duas horas antes do surgimento de reportagens na mídia sobre o suposto atentado.
(Publicado por Lucas Schroeder, com informações da Reuters)
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