Ney Latorraca, o icônico ator brasileiro, decidiu destinar seus quatro apartamentos para doação. O artista, que faleceu hoje (26/12), vai ajudar em várias causas sociais e mostrou o tamanho que tem. Lenda da cultura!
O gesto generoso foi revelado por Ney em entrevista à revista Veja Rio em 2020, quando explicou detalhadamente um testamento que já havia deixado pronto.
Ele, que não teve filhos, fez questão de destinar toda a fortuna acumulada, ao longo dos anos, para questões que sempre amou: o teatro e o apoio social. “Tenho quatro apartamentos – um em São Paulo, pertinho do prédio do FHC; este aqui da Lagoa, mais um no Jardim Botânico, e outro na Rua Rainha Elisabeth, em Copacabana. Botei no meu testamento que vou doar os quatros”, contou na ocasião.
Entidades beneficiadas
E tudo está muito bem dividido para as causas que Ney decidiu doar. Na entrevista, ele identificou cada uma delas.
Um dos imóveis vai para o Retiro dos Artistas, local onde o ator tinha vários amigos.
“Um vai para ABBR [Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação], o outro para o Retiro dos Artistas. Os outros dois, um fica para o Grupo de Apoio às Crianças com AIDS, de Santos, e mais um para um grupo dedicado às vítimas da hanseníase. Está tudo no meu testado. Fiz questão”, contou à Veja.
Segundo Ney, os investimentos em imóveis vieram depois de o artista ter tido uma infância muito difícil. Para ele, construir o patrimônio era uma maneira de ter uma velhice confortável.
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Causa da morte
Lenda da televisão e do teatro brasileiro, Ney faleceu aos 80 anos, na Clínica São Vicente, Zona Sul do Rio de Janeiro. Ele enfrentou um câncer de próstata desde 2019, que causou uma sepse pulmonar.
Ele chegou a retirar a próstata, mas em agosto deste ano a doença voltou e entrou em metástase, se espalhando por outras áreas do corpo.
Casado há 30 anos com Edi Botelho, ele decidiu não deixar o patrimônio para o marido e sim para pessoas que precisam.
Durante o dia, o ator recebeu diversos depoimentos emocionados
Nas redes, a apresentadora Ana Maria Braga exaltou o legado do colega. “Sua partida deixa uma lacuna imensurável na cultura brasileira. Ney encantou gerações com seu talento e carisma, tornando-se um ícone inesquecível das artes cênicas. Seu legado artístico permanecerá vivo em nossos corações e memórias.”
O dramaturgo Walcyr Carrasco foi outro que lamentou a partida. “Ney Latorraca, sua partida representa uma perda irreparável para a cultura nacional. Que sua arte continue a inspirar e que sua memória seja eternizada em nossos corações.”
Já Matheus Nachtergaele, que contracenou com o artista em várias ocasiões, disse que Ney foi um professor.
“Meu amor, se pudesse, e talvez possa, mudava o rumo do tempo e voltava a tempo de passar um tempo sem contratempos contigo. Professor de renascer e de alegria. Mestre de sorrir, apesar da vida ser assim: só a vida e mais nada.”
Claudia Raia, Diogo Vilela, Marisa Orth e o presidente Lula também deixaram suas últimas homenagens.
Ícone da televisão
Com mais de 50 anos de carreira dedicados à televisão, teatro e cinema, Ney era filho de um crooner e uma corista.
Durante a juventude fez radionovela e teatro estudantil antes de estrear nas telas da televisão. Inicialmente, era figurante e depois alcançou sucesso em novelas, séries e programas de humor.
Natural de Santos, litoral de São Paulo, Ney começou na TV fazendo figuração em produções da extinta TV Tupi, como “Beto Rockfeller” (1968) e “Super Plá” (1969).
Depois foi para a TV Record e chegou na Globo nos anos 1970, quando integrou o elenco de novelas como “Escalada” (1975) e “Estúpido Cupido” (1976).
Entre seus maiores sucessos estão “Estúpido Cupido” (1976), “Coração Alado” (1980), fez o hilário Barbosa na “TV Pirata” (1988/1992), “Vamp” (1991), e “Da Cor do Pecado” (2004)
O último trabalho do artista foi em 2019, quando apareceu no seriado “Cine Holliúdy”. Na ocasião, interpretava um personagem clássico da carreira, o conde Vlad.
Ney Latorraca vivendo o divertido Barbosa, da TV Pirata – Foto: Globo
Veja algumas homenagens feitas por amigos ao ator:
Autêntico, o ator fez carreira no cinema, TV e teatro. – Foto: Marcos Rosa/TV Globo
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