Membros de gangues no Haiti atiram em grupo que protestava contra violência na capital; há mortos




Liderados pelo pastor da igreja local, manifestantes empunhavam facões e pediam o fim das gangues criminosas nas favelas em Canaã, localizada nos arredores de Porto Príncipe. Desde 2021, Haiti vive onda de violência e crise institucional. Mulher chora por familiares mortos nas mãos de membros de gangues no bairro Carrefour-Feuilles, durante um protesto contra a insegurança em Porto Príncipe
Odelyn Joseph/ ASSOCIATED PRESS
Uma gangue criminosa abriu fogo neste sábado (26) contra membros de uma comunidade cristã que marchava em Porto Príncipe, capital do Haiti. Pelo menos dez pessoas morreram, informou a imprensa local.
Empunhando facões, os manifestantes eram liderados pelo pastor da igreja local e protestavam pela erradicação dos membros de gangues na área.
O ataque aconteceu em Canaã, uma favela nos arredores da capital, fundada por sobreviventes que perderam suas casas no devastador terremoto de 2010.
Os disparos foram filmados em tempo real por jornalistas no local. Várias pessoas foram mortas e outras feridas, afirmou Marie Yolène Gilles, diretora do grupo de direitos humanos Fondasyon Je Klere, à Associated Press.
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Haiti vive onda de violência
O Haiti vive uma onda de violência e forte instabilidade institucional. A situação tem se agravado desde 2021, depois do assassinato do presidente Jovenel Moise. Desde então, quadrilhas ultraviolentas tomaram o controle de grande parte do território nacional.
De 1 de janeiro a 15 de agosto, mais de 2.400 pessoas foram mortas no Haiti, mais de 950 sequestradas e 902 feridas, segundo as estatísticas mais recentes das Nações Unidas.
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Canaan é controlada por um grupo criminoso liderado por um homem identificado apenas como “Jeff”, que se acredita estar ligado à gangue “5 Seconds”.
Gédéon Jean, diretor do Centro de Análise e Pesquisa sobre Direitos Humanos do Haiti, disse à AP que também assistiu ao ataque online e planejava pedir ao Ministério da Justiça que investigasse.
Ele chamou o pastor de irresponsável por “comprometer um grupo de pessoas e colocá-las numa situação como esta”.
“A polícia deveria tê-los impedido de ir”, disse Jean. “É horrível demais que o Estado permita que algo assim aconteça.”
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