Maestro João Carlos Martins anuncia nova fase, após prêmio recebido na Espanha



O maestro João Carlos Martins, de 85 anos, recebeu esta semana um prêmio de reconhecimento internacional pela trajetória profissional. A homenagem foi entregue pela realeza espanhola e ele aproveitou para anunciar sua nova meta de vida.

O maestro e pianista João Carlos Martins recebeu o prêmio chamado “Por toda uma vida profissional”, em Madri, das mãos da Rainha Sofia e anunciou uma nova fase da sua carreira: vai se dedicar à educação musical.

“Ao receber o Prêmio José Manuel Martínez Martínez, sinto-me profundamente motivado a iniciar uma nova etapa da minha vida, desta vez como educador musical, e assim tentar deixar um legado através da música”, disse o ilustre brasileiro.

Transformar vidas através da música

No discurso de agradecimento, o maestro revelou que começa agora, aos 85 anos, a nova fase na carreira brilhante.

João Carlos Martins disse que quer deixar um legado na área de educação musical.

Ele quer transformar vidas de pessoas em situação de vulnerabilidade através do que sabe fazer de melhor: a música.

Leia mais sobre o maestro

O prêmio

Aos 22 anos de carreira, o músico e pianista venceu na categoria “Toda uma vida profissional” José Manuel Martínez Martínez, da Fundação MAPFRE, em Madri.

O prêmio já foi entregue a personalidades como a estilista Carolina Herrera, a atriz Núria Espert e o piloto Carlos Sainz Cenamor. O maestro João Carlos Martins foi o primeiro brasileiro a receber a premiação.

A homenagem na Espanha foi nesta quarta-feira (8). O prêmio é concedido a personalidades que dedicam suas vidas ao bem-estar social. Além do troféu, o maestro recebeu em dinheiro, 40 mil euros, aproximadamente R$ 250 mil.

A história de superação do maestro

João Carlos Martins teve uma série de momentos de superação nessa vida.

Ele sofria há décadas com distúrbios osteomusculares e a situação piorou em 1995, quando foi vítima de uma agressão durante um assalto na Bulgária, que comprometeu seriamente seu braço direito.

Em 2001, ele gravou o álbum Só para Mão Esquerda, com composições de Paul Wittgenstein, que perdeu o mesmo membro na Segunda Guerra Mundial.

Ele queria gravar 8 álbuns com a temática, mas teve uma nova pancada da vida: foi diagnosticado com um tumor em sua mão esquerda e aos 63 anos ouviu do médico que nunca mais tocaria piano.

“Realizei, na minha vida, 23 operações para manter o sonho de continuar tocando. Quando era pianista, fazia 21 notas por segundo. Agora, não estava conseguindo fazer uma nota em 21 segundos. A operação foi para conseguir tocar, pelo menos, músicas lentas. E é isso que vou fazer até o apagar das luzes.

Se reinventou

João Carlos Martins se reinventou e passou a ser maestro, regendo orquestras e agradeceu:

“A pior coisa que aconteceu na minha vida foi perder as mãos para o piano. Mas a melhor coisa que aconteceu, também foi perder as mãos para o piano, porque encontrei um novo universo na regência. Com isso, consegui levar a música para todos os cantos”, disse ele, em entrevista ao R7, em julho de 2017.

Em 2020 João Carlos Martins ganhou do designer de produtos Ubiratan Bizarro Costa, luvas biônicas feitas justamente para o maestro voltar a tocar piano em 2020.

Educação musical

Em 2006, o maestro JCM criou a Fundação Bachiana.

Na época a intenção já era democratizar ao acesso à cultura e formar jovens talentos da música que vivem em comunidades vulneráveis.

Nesses quase 20 anos de atuação, a Fundação levou formação musical a milhares de crianças e adolescentes.

Além da Fundação Bachiana, João Carlos Martins também fundou o coro Somos Iguais, formado por jovens refugiados.

E ele ainda atua como orientador do projeto Orquestrando, que reúne mais de 750 orquestras, bandas e grupos musicais formados por jovens talentos em todo o País.



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