o início da noite dessa quinta-feira, o Conselho Regional de Medicina do Estado (CREMERJ) publicou um boletim oficial em que desmente a Prefeitura de Cabo Frio, que chegou a anunciar durante a tarde que uma “carta de intenções” garantiria que o hospital permanecesse aberto. No documento, o CREMERJ reafirma que o Hospital Municipal da Mulher de Cabo Frio permanece fechado, “até que todas as não conformidades sejam resolvidas”. O Conselho informou na nota que não recebeu nenhuma carta de intenções e, se a receber, será analisada pelo plenário do CREMERJ, que é soberano em decisões como esta. O órgão não informou quando seria analisada a “carta de intenções” que a Prefeitura de Cabo Frio alega ter assinado.
“O CREMERJ por meio do Departamento do Fiscalização (Defis) realizou a interdição ética do Hospital Municipal da Mulher de Cabo Frio, nesta quinta-feira, 16. A ação ocorreu devido ao não cumprimento do Termo de Notificação do Conselho, após vistoria feita na unidade em 17 de abril. De acordo com dados do próprio hospital, foram registrados, de janeiro a março de 2019, 16 óbitos de bebês, sendo dez apenas em janeiro, a maioria por sepse neonatal, anóxia (ausência de oxigênio) e prematuridade. Em 2018, de janeiro a julho, faleceram 29. As informações mostram que houve aumento significativo de óbitos de crianças, confirmando todos os aspectos negativos detectados nas inúmeras fiscalizações feitas”, diz o documento
MUITA CONFUSÃO DURANTE A TARDE DENTRO DA UNIDADE
Os representantes do CREMERJ chegaram no Hospital da Mulher no início da tarde, de posse do documento que foi afixado na porta de entrada daquela unidade de saúde. De acordo com a deliberação do Conselho, a interdição se daria pelos próximos 15 dias, prorrogáveis por mais 30 dias, o que impediria que profissionais de medicina, credenciados pelo CREMERJ atuassem na unidade. Segundo o conselho, a medida tem “base nos princípios fundamentais do Código de Ética Médica”. Apenas após o cumprimento das determinações e nova avaliação do Conselho, com aprovação em plenário é que a unidade seria desinterditada aos médicos.
No meio da tarde, o prefeito de Cabo Frio, Dr. Adriano Moreno (REDE) esteve no Hospital da Mulher para negociar uma solução para o impasse. De acordo com a informação repassada à imprensa pela Prefeitura de Cabo Frio, a determinação de interdição do Hospital tem base em uma inspeção feita pelo CREMERJ em 2015 e por “determinações que estão sendo cumpridas” e que são 19 ao total. A Prefeitura informou que, da lista, já cumpriu sede das dezenove determinações, no período de um ano
Ainda segundo a ASCOM, a “carta de intenções” foi assinada pelo prefeito, pelo secretário de Saúde, Márcio Mureb, pela direção do Hospital e pelo representante do Conselho Municipal de Saúde, Gelcimar Almeida. A Prefeitura informou ainda que o documento, que o CREMERJ diz desconhecer, “seria apresentado, ainda nessa quinta-feira, na sessão do CREMERJ, na cidade do Rio de Janeiro e garantiu que isso “vai manter a unidade em funcionamento”. O Hospital da Mulher é a maior maternidade pública da região. Até o fechamento dessa matéria, porém, a ASCOM não havia emitido nenhuma outra nota contestando a contestação do CREMERJ.
NA HORA DA INTERDIÇÃO GESTANTES E FAMILIARES NÃO SABIAM O QUE FAZER
No momento que os representantes do CREMERJ chegaram ao local, várias mulheres aguardavam atendimento, algumas delas inclusive já em trabalho de parto, como foi o caso de Daniela Souza. “Falaram pra pegar uma declaração, mas não querem dar. Estou tentando contato com alguém pra socorrer a gente aqui”, lamentou a gestante, que teve que buscar atendimento em São Pedro da Aldeia. Nas redes sociais, as pessoas se revoltaram. “É um absurdo tomar conhecimento disso em uma cidade que tem um médico como prefeito”, disse uma internauta, se referindo ao Dr. Adriano Moreno. Wagner Lessa estava com a esposa, Gisele Mesquita, no Hospital da Mulher desde às 9 horas da manhã, aguardando o atendimento para uma gravidez de risco. Eles contam que receberam a informação que deveriam procurar o hospital de Arraial do Cabo. E com isso outros pacientes também ficaram sem saber o que fazer e igualmente tiveram que procurar outros locais para o atendimento.
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