Em Cuba, moradores protestam contra apagões e falta de comida




Presidente cubano Miguel Díaz-Canel disse que ‘esse contexto está sendo explorado pelos inimigos da Revolução para fins desestabilizadores’. Imagem sem data de Santiago de Cuba
Alex Cano/Wikimedia
Centenas de pessoas na segunda maior cidade de Cuba, Santiago, participaram de um raro protesto público no domingo (17), de acordo com relatos oficiais e na mídia social, o que levou o presidente cubano Miguel Díaz-Canel a pedir diálogo em uma “atmosfera de tranquilidade e paz”.
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Os manifestantes em Santiago saíram às ruas com gritos de “energia e comida”, de acordo com vídeos postados nas mídias sociais, com apagões em alguns lugares se estendendo por 18 horas ou mais por dia, colocando em risco os alimentos congelados e aumentando as tensões na ilha.
Cuba entrou em uma crise econômica quase sem precedentes desde a pandemia da Covid-19, com uma grande escassez de alimentos, combustível e medicamentos, o que provocou um êxodo recorde de mais de 400 mil pessoas que migraram para os Estados Unidos.
Governo confirma que houve protestos
Díaz-Canel confirmou o protesto em Santiago na plataforma de mídia social X, logo após o término da manifestação.
“Várias pessoas expressaram sua insatisfação com a situação do serviço elétrico e da distribuição de alimentos”, disse Díaz-Canel. “A disposição das autoridades do Partido, do Estado e do Governo é atender às reclamações do nosso povo, ouvir, dialogar, explicar os diversos esforços que estão sendo realizados para melhorar a situação, sempre em uma atmosfera de tranquilidade e paz.”
Díaz-Canel também afirmou que “terroristas” dos Estados Unidos estavam tentando fomentar novas revoltas.
“Esse contexto será aproveitado pelos inimigos da Revolução para fins de desestabilização”, disse Díaz-Canel no X.
A polícia chegou a Santiago para “controlar a situação” e “evitar a violência”, de acordo com um relato publicado na mídia social pela estatal CubaDebate.
Não ficou imediatamente claro se alguém havia sido preso durante o protesto.
Beatriz Johnson, uma autoridade do Partido Comunista de Santiago, disse que os manifestantes na cidade do leste cubano foram respeitosos e ouviram atentamente as explicações do governo sobre a escassez de alimentos e eletricidade.
Vídeos nas mídias sociais sugerem que a manifestação foi pacífica.
A capital cubana, Havana, e locais periféricos pesquisados pela agência de notícias Reuters pareciam calmos no final da noite de domingo. A Reuters não pôde confirmar imediatamente a veracidade de vídeos nas mídias sociais de supostos protestos em outras cidades cubanas.
EUA falam sobre protestos, Cuba reage
O porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Vedant Patel, disse que os protestos em Cuba “refletem uma situação desesperada” e considerou “absurda” a acusação de que está por trás das manifestações.
No domingo às noite, a embaixada dos EUA em Cuba publicou na rede X uma mensagem para pedir ao governo cubano “o respeito aos direitos humanos dos manifestantes e atender às necessidades legítimas do povo cubano”.
O governo de Cuba reagiu nesta segunda-feira (18): convocou o encarregado de negócios da embaixada dos EUA em Havana, Benjamin Ziff, à chancelaria pela “conduta intervencionista” do governo americano durante os protestos.
O vice-ministro de Relações Exteriores, Carlos Fernández de Cossío, “transmitiu formalmente” a Ziff “o firme repúdio à conduta intervencionista e às mensagens caluniosas do governo americano e sua embaixada em Cuba sobre assuntos internos da realidade cubana”, disse a chancelaria em um comunicado.
Veja abaixo uma reportagem de 2022 sobre centenas de pessoas condenadas em Cuba por participarem de protestos.
Suprema Corte de Cuba condena mais de cem pessoas à prisão por violência em protestos, no ano passado



G1 Mundo