Cresce o turismo de observação de aves no Litoral Norte Paulista – Notícias das Praias


 

O turismo de avistamento de aves ganha cada vez mais importância nas cidades do Litoral Norte Paulista. Em Ubatuba e Ilhabela, este tipo de turismo vem crescendo a cada ano, com incentivo e apoio das prefeituras. Caraguatatuba e São Sebastião ainda tratam a questão muito timidamente, sem grandes investimentos. Ubatuba, Ilhabela e Caraguatatuba possuem até “aves símbolos”, escolhidas ou eleitas, pela população.

 

Observação de aves em Ilhabela

Existem diversos eventos e festivais de observação de aves no Litoral Norte Paulista, principalmente, em Ubatuba e Ilhabela. Um dos mais tradicionais  é o UBATUBABIRDS, em sua 14ª edição neste mês de outubro de 2025. Em Ilhabela é o festival anual Ilhabela Bird Week, ocorre em setembro, incluindo atividades como passarinhadas, palestras, oficinas, mostras fotográficas e “corujadas” (observação noturna) para atrair tanto especialistas quanto o público em geral, como crianças em atividades de educação ambiental.

 

Este ano , a sétima edição atraiu mais de 3 mil pessoas de vários estados. Uma das atrações do evento, a Exposição Fotográfica “Aves de Ilhabela” – reuniu 36 imagens selecionadas entre 181 fotos inscritas por 29 autores. Além da mostra física, a versão online alcançou mais de 155 mil visualizações e 3,6 mil curtidas, com premiação das fotos mais votadas.

 

Aves

 

 

Ubatuba possuí 565 espécies de aves catalogadas e vários locais para observação de pássaros, inclusive, com estrutura para receber observadores e fotógrafos do Brasil e do exterior. A abundância e diversidade de aves é grande no Sertão da Quina, Sertão Folha Seca, na região sul e, também, Fazenda Argelim, no Perequê-Açu.  Na região norte, os pontos ideais de observação ficam no Sertão do Poruba e na Praia da Fazenda.

 

“O Sertão da Folha Seca, na Praia Dura, é referencial mundial na observação de beija flores. O Brasil possui 65 espécies de beija flores, no Sertão da Folha Seca pode-se observar 25 espécies deste tipo de ave”, conta Carlos Rizzo. Ele lembra que se especializou em aves da mata atlântica e que já percorreu todo o litoral entre o Rio Grande do Sul até a Bahia para observar, identificar, fotografar e catalogar as espécies de aves.

 

A ave símbolo de Ubatuba é o Tangará Dançador(Foto), conforme projeto de lei, de autoria do então vereador Charles Medeiros, aprovado pelo legislativo em 2004. “O Tangará possui as cores da bandeira de Ubatuba e, tem o costume caiçara de dançar”, justificou Medeiros, um dos incentivadores da observação de pássaros no município.

 

 

Ilhabela possui mais de 390 espécies de aves catalogadas, um número que a torna um destino de referência para observação de aves (birdwatching). A ave símbolo de Ilhabela é o papagaio-moleiro (Amazona farinosa), uma espécie de papagaio grande e de plumagem verde com pó branco, escolhida por voto popular em 2015 para representar a rica biodiversidade da ilha. O papagaio-moleiro é um dos maiores papagaios do Brasil e, apesar de estar criticamente ameaçado de extinção no estado de São Paulo, é avistado em grande número em Ilhabela, onde se alimenta de frutas locais.

 

A cidade possui 85% de área preservada pelo Parque Estadual de Ilhabela, considerado Núcleo da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica pela UNESCO e Área Importante para a Conservação das Aves, pela Birdlife International. O arquipélago abriga as dez maiores montanhas insulares do país, com picos que ultrapassam 1.300 metros de altura, oferecendo múltiplos ambientes e uma rica avifauna com mais de 390 espécies registradas.

 

Entre elas destacam-se o papagaio-moleiro, o araçari-poca e espécies raras como a jacutinga, o macuco, a coruja-preta, a saíra-sapucaia e o gavião-de-penacho. Ilhabela também permite o avistamento de aves marinhas como o trinta-réis-de-bico-vermelho, e o trinta-réis-real.

 

Em Caraguatatuba, existem 482 espécies catalogadas, segundo o  wikiaves. Existem dois pontos de observação de aves: A trilha de Jequitiba e o Sítio Jacu. A primeira oferece a oportunidade de contemplar as mais belas e raras espécies da Mata Atlântica, em um percurso fácil e plano, em meio à Floresta Ombrófila Densa e preservada. Enquanto a segunda, situada na Tabatinga, é uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) e oferece observatórios em meio a um bosque de árvores nativas e frutíferas como frutíferas embaúbas, palmitos e figueiras. Ali é possível avistar espécies como: saíra-sete-cores (Tangara seledon), saíra-militar (Tangara cyanocephata), tiê-sangue (Ramphocelus bresilus); surucuá-de-barriga-amarela (Trogon Rufus), entre outros.

 

A ave-símbolo da cidade de Caraguatatuba é a saíra-sete-cores (Foto) e que foi escolhida através de uma eleição promovida pela prefeitura em 2023. Em relação à ave eleita, as considerações deixadas fizeram jus às características marcantes da Saíra-sete-cores, como o destaque para a plumagem colorida que representa bem as cores da serra, do mar e dos rios. Outro fator importante é a sua preferência por ninhos nas famosas bromélias como o ‘Caraguatá’, espécie que deu origem ao nome da cidade.

 

As saíras-sete-cores são aves bastante sociáveis, geralmente vistas em bandos e até mesmo bandos mistos, sendo encontradas com frequência em restingas, encostas e comedouros com frutas. Ela é uma espécie monogâmica, ou seja, formam casais, construindo os ninhos e cuidando dos filhotes juntos. Seu nome científico “Tangara”, em tupi, significa dançarino, em razão das acrobacias que faz durante sua busca por alimento.

 

Em São Sebastião/SP, existem catalogadas 414 espécies de aves, de acordo com dados do Wikiaves. São Sebastião também é parada para os apaixonados pela atividade. Em locais como o Núcleo São Sebastião do Parque Estadual Serra do Mar é possível contemplar a biodiversidade local e avistar diversas espécies de aves, dentre elas o Trogon viridis – Surucuá-grande-de-barriga-amarela, que é um Trogoniforme da família Trogonidae, e o Chiroxiphia caudata – tangará, que é uma ave passeriforme da família Pipridae, também conhecido como tangará-dançarino. Os bairros de Maresias e Boiçucanga também são excelentes pontos de observação, assim como o Arquipélago de Alcatrazes.

 

De acordo com a Secretaria de Turismo da cidade, São Sebastião possui uma incrível diversidade de aves, sendo, ao todo, 414 formas e cores que encontram com o som de seus cantos. As aves são excelentes indicadores da qualidade do ambiente, funcionando como detectores de mudanças na saúde e condições do ecossistema. São Sebastião ainda não elegeu a sua ave símbolo.

 

 

Alcatrazes

 

Fragata descansando em cima de uma árvore – Foto: Carlos Alberto Coutinho

Alcatrazes, arquipélago aproximadamente 35 km ao sul de São Sebastião, é o maior sítio reprodutivo de aves marinhas da costa brasileira, com uma população que gira em torno de 10 mil aves. Além disso, por conta de sua diversidade de flora e fauna, com mais de 20 espécies endêmicas, o arquipélago é conhecido como “Galápagos do Brasil”,[5] e atrai um número cada vez mais alto de pesquisadores.

 

Existem mais de 1300 espécies, 100 delas sofrem ameaça de serem extintas. Possui também o maior ninhal de Fragatas (Fregata magnificens) do Atlântico Sul e é área de alimentação, reprodução e descanso para mais de 10 mil aves marinhas. Para fazer o avistamento de aves no Refúgio de Vida Silvestre do Arquipélago de Alcatrazes(Foto), em São Sebastião, é necessário contratar uma operadora de turismo credenciada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). A atividade é realizada em passeios embarcados, seguindo normas específicas para a conservação do local. 



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