Confira as causas da poluição que atinge as praias Indaiá e Prainha, em Caraguatatuba – Notícias das Praias


Prainha e Indaiá, são duas das praias mais frequentadas de Caraguatatuba, mas passam boa parte do ano com suas águas poluídas, apesar dos dois bairros possuírem saneamento básico. Afinal como a poluição atinge essas duas praias? Confira os posicionamentos da Sabesp, Cetesb e Prefeitura: Foto Capa: Prainha/PMC

 

Por Salim Burihan

 

Prainha e Indaiá, duas das praias mais frequentadas em Caraguatatuba, passam  boa parte do ano com suas águas impróprias para banho, segundo o monitoramento feito semanalmente pela Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo).

 

 

As duas praias estão localizadas em bairros que possuem saneamento básico há muitos anos. A poluição, nas duas praias, tem sido provocada pela presença de coliformes fecais, presente no esgoto doméstico. No Indaiá, a poluição chega através dos rios, entre eles, o Santo Antônio. Na Prainha, que não recebe descarga de rio ou córrego, os coliformes fecais chegam com a corrente marítima.

 

 

Todas as vezes que o Notícias das Praias divulga os boletins de balneabilidade informando as condições impróprias para banho das duas praias, os comerciantes estabelecidos nas duas praias ficam chateados, acreditando que a divulgação prejudica o movimento comercial. É bom deixar claro que o banho de mar deve ser evitado, mas os banhistas podem curtir a praia sem nenhum risco.

 

 

Este ano, segundo informações da Cetesb, a Prainha esteve imprópria para banho em 14 das 18 semanas do ano. Há cinco semanas consecutivas a praia tem sido classificada como imprópria. A Indaiá, esteve imprópria durante nove semanas. Há oito semanas consecutivas a praia tem estado imprópria para uso.

 

 

 

Em 2024, durante as 52 semanas do ano, a Prainha esteve imprópria para banho em 25 semanas. A Indaiá (Foto), em 2024, esteve imprópria para uso durante 22 semanas. As duas praias enfrentam problemas com a poluição há muitos anos. O NP decidiu consultar a Sabesp, a Prefeitura e a Cetesb para procurar esclarecer o que acontece nessas duas praias.  Confira:

 

 

Cetesb

 

 

A avaliação feita pelo Programa de Balneabilidade da CETESB indica no histórico da Prainha e da praia de Indaiá, ambas no município de Caraguatatuba, que as classificações anuais variam de Regular à Péssima, dependendo do ano.

 

 

Nos últimos quatro anos a classificação anual da Prainha variou de Regular, em 2021, a Péssima, em 2024, e Indaiá, manteve-se Ruim, nos quatro anos. No ano de 2025, até a coleta de 04 de maio, a Prainha permaneceu 78% do tempo na condição de Imprópria, e Indaiá, 50%.

 

 

O parâmetro básico para a classificação das praias, quanto a sua balneabilidade, é a densidade de bactérias fecais. Os cursos de água que deságuam no litoral são os principais responsáveis pela variação da balneabilidade das praias, pois recebem a contribuição de esgotos domésticos não tratados e de carga difusa.

 

 

Segundo a Cetesb, o rio Santo Antônio (Foto), principal rio da região central da cidade,  pode ter influência na qualidade da Praia do Indaiá uma vez que deságua nela. A companhia esclarece ainda que as chuvas têm um papel importante no transporte da poluição até o mar.  O rio Santo Antônio compõe a segunda maior bacia hidrográfica de Caraguatatuba. O rio nasce nas escarpas da Serra do Mar, se juntando a inúmeros cursos d’água, como os rios rio do Ouro, Mantegueira e Quinhentos Réis, cortando vários bairros, desaguando entre as praias do Centro e do Indaiá.

 

 

Ainda, segundo a Cetesb, outro fator que influi na balneabilidade é a fisiografia: enseadas, baías e lagunas apresentam condições de diluição inferiores às observadas em regiões costeiras abertas. Esse pode ser um dos fatores que interfere na qualidade da Prainha.

 

 

A CETESB participa da fiscalização e licenciamento das instalações de Estações de Tratamento de Esgoto, Estações de Precondicionamento de Esgoto, e Emissários Submarinos no litoral de São Paulo. Nesses processos a interação com outros órgãos envolvidos é significativa no sentido de encontrar alternativas adequadas.

 

 

A Companhia divulga semanalmente o boletim de balneabilidade, em seu site, e no aplicativo para celular, além de enviá-lo para veículos de imprensa e órgãos públicos de interesse, incluindo as secretarias municipais de Meio Ambiente das cidades litorâneas.

 

 

Nos relatórios anuais de qualidade das praias, disponíveis no Site da Companhia, se encontra uma análise detalhada por município, com o histórico das praias e o seu comportamento no ano.

 

 

Sabesp

 

 

A Sabesp informa que os bairros Prainha e Indaiá são atendidos por sistema de esgotamento sanitário. São 160 km de redes coletoras e 16 estações elevatórias (de bombeamento), que fazem com que 100% do esgoto coletado seja tratado nas estações Martin de Sá e Indaiá.

 

A situação da balneabilidade das praias pode ser afetada por diversos fatores, como a correta destinação do lixo, que não deve ser jogado nas ruas ou rios, pois a chuva leva o material para o mar; e lançamentos irregulares de esgoto nas galerias pluviais.

 

A Companhia ressalta que, em Caraguatatuba, estão em execução mais de R$ 353 milhões em obras de expansão e melhorias de sistemas de água e esgoto.

 

 

Prefeitura

 

 

A Prefeitura de Caraguatatuba, informou que com relação a poluição que atinge a Prainha(Foto), a Secretaria de Meio Ambiente, juntamente com a Secretaria de Urbanismo, Vigilância Sanitária e SABESP, até o ano de 2016 realizavam uma investigação tendo em vista que no local não há um corpo d’água ou vala de drenagem que colabore de forma efetiva, dificultando assim que se consiga descobrir de onde surge essa fonte poluidora e se realmente é oriunda da Prainha.

 

 

A Prefeitura adianta que dará continuidade aos trabalhos de investigação. A Prefeitura esclarece que “é sabido que temos correntes marítimas que possam estar interferindo em alguma situação que não conseguimos ainda verificar”.

 

 

Em relação à Praia do Indaiá(Foto), a Prefeitura esclarece que a praia era constantemente classificada como imprópria até a instalação da coleta e tratamento final do esgotamento sanitário. Segundo a prefeitura, com o esgotamento sanitário, praticamente toda aquela bacia se mantém como própria, porém, reconhece que o curso do Rio Santo Antônio passa por uma área bastante populosa e movimentada, o que pode estar causando a poluição da praia.

 

 

Segundo a Prefeitura, “neste ano  a Praia do Indaiá teve momentos sim de classificação como imprópria, mas de forma isolada, pois, boa parte da temporada de verão teve sua classificação como própria e foi verificado que após a ocorrência de fortes chuvas, a classificação era alterada para imprópria, onde podemos subentender que pode ser problemas de água difusas,  com a presença de materiais orgânicos, como fezes  e urina de animais ou outros tipos de resíduos, o que contribuem muito com o aumento da demanda química de oxigênio , conhecido como DQO e DBO.”

 

 

Segundo a Prefeitura, “de qualquer forma, não se deve comparar a praia da Prainha com a praia do Indaiá, pois, apesar da Praia do Indaiá ter uma contribuição enorme por causa do Rio Santo Antônio, por outro lado, a Prainha não tem essa contribuição de volume de água”.

 

 

A Prefeitura finaliza, destacando que continua as execuções dos trabalhos de investigação pelas Secretarias Municipais de Urbanismo, Meio Ambiente, Saúde , através do setor de Vigilância Sanitária e a Sabesp.

 



Notícias das Praias