“Eu estava cansado, desanimado e sem vontade de continuar. Até que parei, olhei para dentro e me perguntei: por que comecei tudo isso?”
Não foi fácil. Durante meses, levantei todos os dias sem energia, mesmo dormindo bem. O trabalho que antes me empolgava, passou a parecer apenas uma obrigação. Cumpria tarefas no piloto automático. Quando me perguntavam “está tudo bem?”, eu respondia “tudo certo”, mas por dentro, estava no modo sobrevivência. Até que, em um fim de semana silencioso, decidi fazer algo diferente: desliguei o celular, peguei papel e caneta, e escrevi uma pergunta no topo da página: o que me motiva de verdade?
Fiquei ali por horas, mergulhado em lembranças, sensações e escolhas do passado. E foi nesse mergulho que reencontrei aquilo que me fazia vibrar. Não era o cargo, nem o salário. Era o impacto que eu causava na vida das pessoas. Essa clareza me devolveu a energia que eu achava ter perdido para sempre.
O problema de viver sem saber o que te motiva
Muitas pessoas passam pela vida sem identificar o que realmente as move. Trabalham duro, cumprem metas, mas vivem em uma constante sensação de vazio ou de cansaço extremo. Isso acontece porque estão motivadas apenas por fatores externos — como aprovação dos outros, status ou recompensa financeira —, que funcionam apenas por um tempo. Quando esses estímulos acabam ou perdem o brilho, tudo desmorona. Segundo a Gallup (2023), apenas 15% dos profissionais no mundo se sentem verdadeiramente engajados no trabalho. E uma das principais causas desse desengajamento é a falta de alinhamento entre o que a pessoa faz e o que ela valoriza de verdade.
As consequências de viver sem saber o que te move
Pessoas que desconhecem suas motivações internas, vivem no modo “empurra com a barriga” e acabam desistindo facilmente quando as dificuldades aparecem:
- Sentem-se perdidas, mesmo quando estão em ambientes estáveis;
- Têm maior propensão à ansiedade e à insatisfação crônica;
- Tendem a se comparar constantemente com os outros;
- Tomam decisões baseadas na pressão externa e não em suas convicções;
- Dificilmente sustentam projetos de longo prazo.
Por que é tão difícil encontrar a própria motivação
- Falta de autoconhecimento: muitas pessoas nunca foram incentivadas a olhar para dentro.
- Ruído externo: a sociedade impõe o que é “sucesso” e muitos seguem esse roteiro sem questionar.
- Medo de desapontar os outros: muitas escolhas são feitas para agradar familiares, chefes ou amigos.
- Pressa e excesso de tarefas: não sobra tempo para reflexão.
Um passo a passo simples para descobrir o que te move
A boa notícia é que a automotivação pode ser desenvolvida. Aqui vai um passo a passo simples e prático:
- Revise seus melhores momentos: Lembre-se de situações em que você se sentiu pleno, energizado e realizado. O que estava fazendo? Com quem? Que valores estavam em jogo? Exemplo: Uma professora descobriu que se sentia motivada não apenas ao dar aulas, mas ao ver seus alunos superando dificuldades. Sua motivação era transformar vidas por meio do conhecimento.
- Identifique seus valores pessoais: Faça uma lista com os 5 valores que você mais preza. Depois, avalie se o que você faz hoje está alinhado a esses valores. Exemplo: Um analista financeiro percebeu que seu valor central era criatividade, mas seu trabalho era altamente técnico. Ele começou a buscar projetos que exigiam mais soluções inovadoras e sua motivação reapareceu.
- Pergunte-se: “Se eu não precisasse de dinheiro, o que eu faria todos os dias?”: Essa pergunta ajuda a separar o que é necessidade do que é paixão. Exemplo: Um engenheiro percebeu que, se não precisasse se preocupar com dinheiro, passaria os dias ensinando matemática para jovens carentes. A partir disso, começou a se voluntariar em projetos sociais e decidiu, também, atuar como mentor de jovens talentos. Isso reacendeu sua paixão pelo trabalho e fortaleceu seu senso de propósito.
- Crie metas com significado pessoal: Quando o “porquê” é forte, a ação se torna mais leve. Exemplo: Uma vendedora de loja percebeu que sempre colocava como meta ser “a número 1 da equipe” porque isso era valorizado pelos colegas. No entanto, ela se sentia exausta e pouco realizada. Ao refletir, descobriu que sua real motivação era ajudar clientes a se sentirem confiantes. Quando passou a focar nisso, suas vendas aumentaram naturalmente e ela voltou a sentir prazer no que fazia.
- Alimente sua motivação todos os dias: Crie rituais, revise seus propósitos e celebre pequenos avanços. A motivação interna precisa de cuidado contínuo, como uma planta que precisa de água e sol. Exemplo: Um gestor começou a cada manhã escrevendo, em um caderno, uma pequena frase que o lembrava do impacto positivo que queria causar na equipe. Ele também passou a terminar a semana listando três atitudes das quais se orgulhava. Esses rituais simples reforçaram sua automotivação e o ajudaram a enfrentar semanas mais difíceis com mais energia e foco.
Como é a vida de quem se automotiva todos os dias
- As pessoas sentem mais energia e propósito.
- Desafios deixam de ser obstáculos e passam a ser degraus.
- As decisões se tornam mais claras.
- A sensação de estar no caminho certo cresce — mesmo nos dias difíceis.
E o mais importante: você para de correr atrás do que brilha por fora e começa a buscar o que acende por dentro.
Descubra hoje mesmo o que faz seu coração vibrar
Essa descoberta é um dos maiores presentes que você pode se dar. Não se trata de largar tudo ou fazer grandes revoluções de uma só vez. Mas sim de começar a fazer pequenas escolhas mais alinhadas com quem você é. Quando isso acontece, a vida ganha outra cor, outro ritmo, outro sentido. E você? Já parou para se perguntar o que te move de verdade?
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