
Um avanço que une ciência, sustentabilidade e cuidado com o paciente nasceu em Pernambuco. Pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) criaram um curativo feito a partir da fermentação do melaço da cana-de-açúcar. O material já está sendo testado em pessoas que passaram por cirurgias de varizes no Hospital das Clínicas da instituição.
O novo curativo não apenas ajuda na cicatrização, como também é biodegradável, confortável e menos agressivo à pele do que os modelos sintéticos.
O resultado já chama atenção pelo potencial de mudar a forma como são tratados os pacientes submetidos a pequenos procedimentos cirúrgicos.
Como funciona o curativo
O material usado é um biopolímero obtido do melaço da cana. Por ser atóxico e biocompatível, ele já havia sido utilizado em outros tipos de curativos, como em úlceras e lesões de membros inferiores.
A equipe de pesquisadores decidiu testar o produto em cirurgias de varizes, cobrindo as pequenas incisões feitas nos pacientes.
Segundo o cirurgião vascular Allan Maia, responsável pelo estudo, a proposta surgiu justamente porque o biopolímero é uma alternativa mais natural e menos agressiva, que poderia trazer benefícios adicionais para quem passa por esses procedimentos.
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Resultados com os pacientes
A pesquisa acompanhou 55 pessoas operadas de varizes. Os resultados foram animadores: o curativo mostrou a mesma eficácia dos sintéticos, mas com vantagens importantes.
- Proporcionou mais conforto
- Causou menos coceira
- Foi muito mais fácil de retirar, com menos dor
O médico Allan Maia explicou que a retirada de curativos sintéticos, como a fita microporosa, muitas vezes gera dor adicional. Com o curativo de biopolímero, esse desconforto praticamente desapareceu, o que foi um alívio para os pacientes.
Uma pesquisa com propósito
O estudo fez parte da tese de doutorado de Allan Maia, com participação da recém-formada em medicina Mariana Vieira e orientação do cirurgião vascular Esdras Marques. O resultado já foi publicado em uma revista internacional de cirurgia vascular.
Para Mariana, integrar a pesquisa foi uma oportunidade única. “Na universidade, somos sempre incentivados a participar de pesquisas, e esse projeto me permitiu aplicar na prática o que aprendi na faculdade. Foi muito enriquecedor”, contou.
Próximos passos
O próximo desafio dos cientistas é ampliar as aplicações do curativo, que une eficiência, baixo custo e sustentabilidade. A ideia é testá-lo em outros tipos de feridas e procedimentos.
Já existem produtos semelhantes, feitos com biopolímero de cana-de-açúcar, liberados pela Anvisa para uso em casos como remoção de unhas e cirurgias urológicas. Agora, a equipe trabalha para que essa nova versão específica para varizes também seja aprovada e chegue ao mercado.
O curativo é considerado mais eficaz e causa menos dor. – Foto: UFPE
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