Rede de Observatórios de Segurança analisou a situação de sete Estados do país de agosto de 2021 a julho de 2022

A Rede de Observatórios da Segurança registrou, entre agosto de 2021 e julho de 2022, mais de 21 mil atos violentos em sete Estados brasileiros: Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro e São Paulo. Uma média de 59 eventos violentos por dia nessas localidades. Dos 16 indicadores de violência, as ações policiais continuam representando mais da metade dos registros, 55%, de acordo com o relatório. Em números absolutos, São Paulo representam o maior número de ações de policiamento e denúncias de abusos de agentes. Já o Rio de Janeiro destaca-se por maior letalidade nesses eventos. Ainda no Rio, as ações policiais violentas chegam a 67% do total dos eventos registrados. Se todas as mortes registradas nos cinco Estados do Nordeste analisados aos de São Paulo, foram 280 mortos em 12 meses. Só no Rio, o número foi de 306 mortes. Para Bruno Paes Manso, coordenador da Rede de Observatórios da Segurança em São Paulo, o patrulhamento extensivo é necessário, mas é preciso mais investigações. “O movimento que a gente capta um policiamento ostensivo intenso, muito mais um policiamento ostensivo do que investigação policial. O policiamento brasileiro, e a gente consegue identificar a partir desses números, é muito centrado no patrulhamento ostensivo dos territórios vistos como perigosos, muito mais do que na inteligência, na investigação, sobre a operação do crime”, afirma.
Já a violência contra a mulher aparece nos dois últimos anos em terceiro lugar no monitoramento da Rede de Observatórios da Segurança. Foram 2.836 registros de eventos violentos contra mulheres, quase sete casos por dia. Tentativa de feminicídio e feminicídios são os maiores registros. Paes Manso explica que, assim como a violência contra as mulheres, a violência contra crianças e adolescentes ocorre, na maioria dos casos, dentro de casa e são cometidas por pessoas que possuem relações próximas com as vítimas. “A maioria dos abusos feitos contra crianças e adolescentes é feita por pessoas próximas, na família, é uma tragédia que precisa ser expostas e interrompida. Da mesma forma que ocorre nas tragédias envolvendo mulheres, os feminicídios e as violências contras as mulheres. A gente precisa tornar público e fazer um tipo de mediação que impeça que isso aconteça”, diz o especialista. No período analisado, São Paulo é o Estado com o maior índice nesses indicadores, com um aumento de 15% em relação ao período anterior, de agosto de 2020 a julho de 2021.
*Com informações do repórter Victor Moraes