Abandonado em uma caçamba de entulho com poucas horas de vida, Alex Araújo poderia ter tido seu destino interrompido ali mesmo, em São Paulo, nos anos 1980. Mas o choro do bebê chamou a atenção de um segurança do hospital e ele foi resgatado do lixo e teve a vida transformada para sempre.
Adotado por uma família simples, Alex cresceu em meio a dificuldades financeiras, mas cercado de muito amor e princípios que carregaria para sempre. Entre eles, a frase do pai que se tornou lema em sua vida: “o amor sempre vence”.
Hoje, aquele bebê abandonado é fundador e CEO da 4Life Prime, uma empresa de saúde e segurança do trabalho que atende mais de 3.600 clientes — 90% multinacionais — e que faturou R$ 220 milhões no último ano, 4. milhões a mais do que em 2022, quando o Só Notícia Boa mostrou a história do Alex pela primeira vez, uma trajetória de superação, coragem e visão empreendedora.
Infância
Depois de ser acolhido pela nova família, Alex cresceu ao lado de quatro irmãos. O dinheiro era pouco, mas nunca faltou afeto e incentivo. O pai trabalhava longas jornadas e a mãe, dedicada, ensinou valores como respeito, estudo e honestidade.
Aos 14 anos, durante uma viagem, a mãe revelou que Alex era adotado. A resposta dele surpreendeu: “Mamãe, o que vai mudar? Só que eu vou comer uma coxinha e um refrigerante na rodoviária, porque eu amo a família que me criou”.
Essa aceitação e gratidão se tornaram forças que o acompanhariam ao longo de toda a vida.
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Virada inesperada
Aos 18 anos, Alex já era pai e enfrentava grandes dificuldades. Pagava uma conta, cortavam outra. No mercado, às vezes tinha que deixar a carne no caixa para conseguir pagar fralda e leite para o filho.
O que mudou o destino dele foi um gesto simples: lavar o carro do CEO da empresa onde trabalhava. O chefe ficou impressionado com a proatividade e o promoveu.
A partir dali, Alex passou a acreditar que “entregar mais do que se pede” pode abrir portas inimagináveis.
Primeiro fracasso
Com talento para vendas e relacionamento, Alex entrou no Banespa (hoje Santander), onde passou mais de sete anos. Quando surgiu um plano de desligamento com uma boa indenização, ele decidiu arriscar: pegou o dinheiro e resolveu empreender.
O início no mundo dos negócios não foi fácil. Ele abriu uma choperia em Sorocaba (SP) que chegou a lotar todos os fins de semana, mas acabou falindo. A lembrança mais marcante foi o dia em que só encontrou R$ 1,45 no caixa.
Ao invés de desespero, a esposa o ajudou a transformar a situação em aprendizado. Compraram macarrão, alho e suco em pó, e tiveram um dos jantares mais felizes da vida. Foi nesse momento que Alex percebeu que ainda não estava pronto para ser empresário e que precisava amadurecer.
O sucesso
De volta ao mercado, Alex decidiu se destacar como “intraempreendedor”: alguém que age como dono dentro de uma empresa. Em pouco tempo, gerou milhões em receita, virou diretor, sócio e, em 2018, comprou a participação do antigo parceiro, tornando-se único dono da 4Life Prime.
Durante a pandemia, enquanto muitos negócios fechavam, ele criou um modelo inovador de testagem dentro das fábricas, ajudando empresas a manterem a produção ativa. A estratégia fez o faturamento da companhia dobrar.
Hoje, a 4Life Prime realiza aproximadamente 700 mil exames ocupacionais por ano e se mantém como referência no setor.
Para Alex, nada disso seria possível sem o apoio da esposa e os valores aprendidos com os pais.
“Aprendi que estar no lugar certo, na hora certa e dar o seu melhor abre portas que o currículo sozinho não abre. Respeito e relacionamentos sólidos são o verdadeiro segredo do sucesso”, afirmou à Exame.
O bebê que foi resgatado do lixo nos anos 80, cresceu, empreendeu e hoje fatura R$ 220 milhões – Foto: divulgação
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