
Um lado positivo do bebê reborn. A boneca realista está ajudando uma idosa brasileira com Alzheimer a se acalmar e sentir melhor. A bonequinha virou uma ponte de afeto e trouxe acolhimento em meio aos desafios da doença.
Os primeiros sinais de Alzheimer na aposentada Maria Alice, que vive em Aracaju (SE), apareceram em 2018. A filha, Rai Lima, moradora de Curitiba (PR), procurou cuidados para idosos e descobriu a terapia com bonecas.
Rai conta que achou uma boneca parecida com a mãe na infância. Mesmo com limitações na fala e na interação, a idosa passou a reagir ao toque da boneca com carinho. “Se minha mãe está agitada, atrofiando as mãos, peço que vejam se ela precisa de algo: água, fralda… Mas, muitas vezes, só o toque da boneca a acalma”, disse a filha em entrevista ao G1.
“Alice”
Rai escolheu cada detalhe da boneca com cuidado: olhos claros, nariz delicado, com peso semelhante ao de um bebê de verdade.
A boneca foi batizada de “Alice”, em homenagem à mãe, e hoje está com ela em todos os lugares. Quando a boneca está no colo, Maria a segura e se recusa a soltá-la.
Mas a escolha não pode ser igual para todos. Segundo especialistas, é importante reconhecer o histórico da pessoa. “Nem todo mundo gosta dessa terapia. Por exemplo, se eu tenho uma pessoa que nunca gostou de criança, não ofereça. A minha mãe sempre foi uma mãezona, aquela que balançava a gente, acariciava. Para ela é um suporte emocional muito bom.”
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Quando faltam palavras
A boneca não foi entregue como um presente, mas integrada aos poucos no cotidiano da idosa.
Mas dona Maria Alice teve uma reação incrível. Segundo a filha, a idosa usa a boneca quando faltam palavras.
Os gestos simples podem transmitir segurança, amor e uma sensação de pertencimento.
Terapia com bonecas
A terapia com bonecas é uma prática que vem sendo adotada em alguns tratamentos de demência.
A ideia é oferecer ao paciente algo que desperte o instinto de cuidado e afeto.
Segundo o professor de Clínica Médica, Geriatria e Gerontologia da Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná, Luiz Antônio Sá, a terapia pode trazer efeitos positivos.
“Essa boneca tem que ter uma certa interação. Porque se for uma boneca que não abre os olhos, que não tem um mínimo de interação, não vai cativar o paciente. Então, nesse caso, o bebê reborn cumpre muito bem o seu papel”, explicou Luiz.
Bebê reborn está sendo usado no tratamento de pessoas com demência. – Foto: Arquivo pessoal
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