“Às Mulheres”, por Julio Carvalho


A edição nº 1768 do Jornal da Região publicou um artigo interessantíssimo da Dra. Amanda de Moraes Estefan, neta do meu saudoso amigo Joãozinho de Moraes, com o título “Graças a elas ainda estamos aqui”, em que analisa e descreve a opressão sofrida pelas mulheres e a luta secular para conseguir a ascensão social da classe feminina. Acredito que em determinados momentos a situação ainda era pior do que a descrita no artigo.

No mundo antigo as mulheres não tinham nenhum direito, não eram contadas nem nos censos populacionais, o mesmo ocorrendo com as crianças. Jesus Cristo, o grande revolucionário social, caminhando pela Palestina, pregando o seu Evangelho, incluiu no seu grupo algumas mulheres, conversou com a samaritana no poço de Jacob e dava atenção às crianças. Isso era uma exceção que permaneceu durante muitos séculos.

Minha querida mãe, nascida em 1905, fez o curso primário e aprendeu noções na língua francesa no Colégio Nossa Senhora das Dores, sob a direção da Profa. Da. Maricota. As mulheres eram preparadas para esposas e mães, quando casavam passavam da tutela do pai para a do marido. As mais ousadas estudavam para serem professoras.

Em 1924, quando meu pai, meu grande ídolo, terminou o curso de medicina, na Faculdade do Rio de Janeiro, hoje Faculdade Nacional de Medicina, na sua turma havia apenas um mulher, considerada uma exceção dentro da sociedade carioca da época.

Em 1961, quando recebi meu diploma de médico, numa turma de 120 alunos, só seis eram do sexo feminino. Hoje, quando recebo um convite de formatura faço questão de contar, percebendo que a maioria é de mulheres, com isso acredito que a medicina será mais sensível e mais humanizada.

Nas outras profissões ocorre o mesmo, as mulheres se emanciparam do domínio masculino. Fazem concursos públicos ocupando cargos de chefia, o mesmo acontecendo em empresas privadas.

Como médico, sempre apreciei a perfeição biológica do organismo feminino; enquanto o homem é um perdulário, produzindo milhões de células reprodutoras em cada ato sexual, a mulher fábrica uma única célula reprodutora mensalmente, da menarca à menopausa, célula muito maior que as masculinas.

Quando ocorre a fecundação a mulher agasalha o produto resultante durante 40 semanas, oferecendo ao filho oxigênio e nutrientes necessários ao seu desenvolvimento. Depois do nascimento é o leite materno que alimenta a criança. A mãe cuida do filho, ensina-o a andar e a falar, orientando-o por toda sua vida. Se a mulher não fizesse mais nada só a sua função maternal a colocaria em um pedestal da sociedade, embora nem todos pensem desse modo.

As estatísticas brasileiras mostram que as mães são responsáveis pela manutenção financeira de grande número de lares, fazendo-o com grande sacrifício de trabalho.

Na política a participação feminina ainda é pequena no poder legislativo e, menor ainda, no executivo, todavia não para de aumentar em cada eleição realizada. Em 2024, em nossa região, três municípios elegeram suas prefeitas, o que demonstra uma mudança no paradigma político.

Como médico dediquei-me mais à ginecologia e obstetrícia, embora cirurgião, atendendo um número muito maior de mulheres; talvez, por isso, acredito na capacidade e na competência das mulheres, que serão capazes de administrar os municípios onde foram eleitas.

Cuidado os que não acreditam nas mulheres, elas falam mansa e educadamente, não confundam educação com fraqueza; se for preciso elas saberão, também, atuar com energia pois a caneta está na mão delas!

Júlio Carvalho.

Júlio Marcos de Souza Carvalho é médico, ex-vereador e ex-provedor do Hospital de Cantagalo e atualmente é auditor da Unimed de Nova FriburgoJúlio Marcos de Souza Carvalho é médico, ex-vereador e ex-provedor do Hospital de Cantagalo e atualmente é auditor da Unimed de Nova Friburgo
Júlio Marcos de Souza Carvalho é médico, ex-vereador e ex-provedor do Hospital de Cantagalo. Atualmente é auditor da Unimed de Nova Friburgo e vice-prefeito de Cantagalo.

 



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