Vice dos EUA visita Groenlândia após ameaça de anexação por Trump


O vice-presidente JD Vance e sua esposa, Usha
Reprodução/redes sociais

O vice-presidente JD Vance e sua esposa, Usha

O vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, e sua esposa, a segunda-dama Usha Vance, irão viajar à  Groenlândia nesta sexta-feira (28), para visitar uma base militar dos EUA. Antes, a viagem havia sido programada apenas para a segunda-dama, para “aprender mais sobre a cultura da ilha”.

A viagem é vista por líderes groenlandeses e dinamarqueses(a quem o território pertence oficialmente) como uma provocação em meio à  tentativa do presidente Donald Trump de anexar o território dinamarquês.

“Decidi que não queria que ela se divertisse tanto sozinha e então vou me juntar a ela”, disse Vance em um vídeo anunciando sua participação, no início desta semana. A decisão de última hora elevou a visita da delegação americana, com o vice-presidente se tornando o oficial de mais alto escalão dos EUA a visitar a Groenlândia.

Vance já havia irritado os dinamarqueses no início de fevereiro quando disse que a Dinamarca “não estava fazendo seu trabalho (protegendo a Groenlândia) e não estava sendo uma boa aliada”.

Base militar

Usha e JD Vance visitarão o posto avançado da Força Espacial dos  EUA em Pituffik, na costa noroeste da Groenlândia, a 1.600 km da capital Nuuk, renunciando aos planos originais de Usha Vance e qualquer semelhança de intercâmbio cultural, segundo agências de notícias. O esperado é que o vice-presidente receba um relatório privado sobre como a base ajudou a impulsionar os interesses de segurança nacional dos EUA e fale com a imprensa.

Antes da viagem do vice, o presidente americano Donald Trump afirmou na quarta (26) que os EUA precisam da Groenlândia para segurança internacional. “Precisamos dela. Temos que tê-la. Odeio dizer isso assim, mas vamos ter que tomar posse desse imenso território ártico”, disse Trump em uma entrevista a um podcast. “É uma ilha que precisamos tanto do ponto de vista defensivo quanto ofensivo”, acrescentou o presidente americano.

Ponto-chave da defesa antimísseis

Trump considera a anexação da Groenlândia como um ponto-chave na segurança dos EUA
MANDEL NGAN

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A base de Pituffik é uma parte essencial da infraestrutura de defesa antimísseis de Washington, já que sua localização no Ártico a coloca na rota mais curta para mísseis disparados da Rússia contra os Estados Unidos.

Conhecida como Base Aérea de Thule até 2023, a base serviu como posto de alerta para possíveis ataques da União Soviética durante a Guerra Fria. É também um local estratégico para vigilância aérea e submarina no hemisfério norte, algo que Washington afirma que a Dinamarca negligenciou.

Diante dessas declarações de Trump, a primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, reconheceu que a situação é “difícil”. “Não há dúvida de que estamos em uma situação difícil”, escreveu Frederiksen em um comunicado publicado nas redes sociais na noite de quarta-feira.

Ela reiterou que o território “não está à venda” e que isso já foi comunicado ao governo dos EUA em diversas ocasiões. “Eles sabem que a Groenlândia não está à venda. Sabem que a Groenlândia não quer fazer parte dos Estados Unidos. Isso foi dito de forma inequívoca, tanto diretamente quanto publicamente”, ressaltou.

Desejo de controlar a ilha

Não é a primeira vez que o republicano fala em tomar o controle da Groenlândia, uma enorme ilha coberta em 80% por gelo, considerada uma região autônoma da Dinamarca. O presidente já havia feito isso durante seu primeiro mandato, de 2017 a 2021, e voltou à ofensiva desde sua reeleição.

A Groenlândia abriga cerca de 57 mil pessoas, a maioria inuítes (povos originários também conhecidos como esquimós), e acredita-se que possua enormes reservas minerais e de petróleo inexploradas, embora a exploração de petróleo e urânio seja proibida.

O governo dinamarquês criticou duramente a visita de JD Vance prevista à ilha, classificando-a como “pressão inaceitável”. A delegação, que incluirá Vance e a esposa, Usha, chegará à Groenlândia na sexta-feira.

Usha Vance tinha planejado assistir a uma corrida de cães de trenó na Groenlândia, mas essa atividade foi descartada, segundo a agência AFP. O assessor de Segurança Nacional dos EUA, Mike Waltz, também não integrará a delegação.



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