Ultraprocessados são como cigarro, diz professor da USP


Ultraprocessados são como cigarro, diz professor da USP
Reprodução YouTube Roda Viva

Ultraprocessados são como cigarro, diz professor da USP

Durante sua participação no programa Roda Viva  desta segunda-feira (21), o professor emérito da USP e pesquisador do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens), Carlos Augusto Monteiro, fez um alerta contundente: a indústria de alimentos ultraprocessados segue os mesmos passos da indústria do tabaco e deveria ser tratada com o mesmo rigor.

“Tem muita razão, muito sentido você tratar o ultraprocessado como tabaco”, afirmou Monteiro, destacando que os dois setores compartilham estratégias empresariais semelhantes, com foco no lucro, uso de substâncias que geram dependência e campanhas de desinformação.

Segundo ele, alimentos ultraprocessados afetam negativamente vários sistemas do corpo humano, assim como o cigarro, e são produzidos por grandes corporações transnacionais que investem pesado em marketing e em lobbying político (atividade de influenciar decisões políticas e administrativas, geralmente por parte de grupos de interesse, como empresas, associações ou organizações não governamentais).

“Eles usam o mesmo ‘playbook’ da indústria do cigarro: negam evidências científicas, tentam desacreditar pesquisas e influenciam legisladores para evitar regulações mais rígidas”, completou.

Monteiro lembrou ainda que parte das empresas de tabaco, com a queda do consumo de cigarro, migrou para o setor alimentício. “Elas levaram junto as tecnologias para criar produtos irresistíveis, com aromas artificiais que simulam ingredientes reais — como biscoitos com ‘sabor amêndoa’ que não têm uma única amêndoa”, explicou.

Para o pesquisador, as políticas públicas precisam tratar esses produtos com a mesma seriedade com que se enfrentou o tabagismo nas últimas décadas. Ele defende regulamentações mais duras e uma maior conscientização sobre os riscos do consumo de alimentos ultraprocessados.

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