
As últimas negociações entre os dois países ocorreram nos dias 16 de maio e 2 de junho
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, anunciou neste sábado (19) que Kiev propôs à Rússia uma nova rodada de negociações de paz para a próxima semana.
A proposta foi encaminhada por meio de Rustem Umerov, secretário do Conselho de Segurança e Defesa Nacional da Ucrânia, que liderou delegações ucranianas em rodadas anteriores.
O objetivo é retomar o processo de diálogo interrompido desde o início de junho, após encontros realizados em Istambul.
As últimas negociações entre os dois países ocorreram nos dias 16 de maio e 2 de junho, também na Turquia. Nesses encontros, foram acordadas trocas de prisioneiros e a devolução de corpos de soldados mortos.
Na última quinta-feira (17), Kiev recebeu mil corpos de soldados ucranianos, enquanto a Rússia recebeu 19. Foram libertados prisioneiros gravemente feridos, doentes e jovens com menos de 25 anos. Não houve, no entanto, avanços em direção a um cessar-fogo.
A Ucrânia rejeita as exigências russas apresentadas nas negociações, entre elas a cessão de cerca de 20% do território ucraniano — incluindo as regiões da Crimeia, Lugansk, Donetsk, Zaporizhzhia e Kherson —, a interrupção do envio de armamentos ocidentais e a retirada de todas as tropas ucranianas das áreas ocupadas.
Moscou também exige o reconhecimento oficial de que esses territórios pertencem à Federação Russa.
Zelensky afirmou que a Ucrânia está disposta a acelerar as discussões e se disse aberto a uma reunião direta com o presidente russo, Vladimir Putin. Segundo ele, “uma reunião em nível de liderança é necessária para garantir verdadeiramente a paz”.
A proposta inclui ainda demandas por garantias de segurança, como a suspensão de ataques russos contra infraestrutura civil e energética, a interrupção do uso de mísseis, bombas e drones de longo alcance, e o fim de operações militares no Mar Negro.
A Rússia, até o momento, não respondeu publicamente à proposta. O Kremlin já rejeitou anteriormente a possibilidade de uma cúpula entre Zelensky, Putin e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A posição russa é que somente “acordos concretos” podem justificar uma reunião entre chefes de Estado.
Pressão internacional

Guerra na Ucrânia
O novo movimento diplomático ocorre em meio a pressões internacionais. Na sexta-feira (18), Trump declarou que poderá impor sanções severas à Rússia se um acordo de paz não for fechado em 50 dias.
O governo ucraniano, por sua vez, continua dependente de apoio militar estrangeiro, que cobre mais da metade das necessidades no campo de batalha. Kiev também busca fortalecer sua indústria de defesa nacional, com iniciativas como a exportação de drones para os Estados Unidos.
Internamente, Zelensky criticou a condução de conversas bilaterais entre EUA e Rússia sem a participação da Ucrânia.
Segundo ele, acordos firmados sem a presença de Kiev não terão validade. A exclusão ucraniana de negociações diretas tem gerado desconforto com Washington, sobretudo após Trump suspender temporariamente o envio de ajuda militar a Kiev.
A proposta ucraniana ocorre no momento em que autoridades alertam para a possibilidade de novas ofensivas russas.
Segundo o governo de Zelensky, há sinais de mobilização de 50 mil soldados nas proximidades da região de Sumi, no nordeste do país, com o objetivo de criar uma zona tampão.
Sanções
A União Europeia aprovou na última sexta-feira o 18º pacote de sanções contra a Rússia e segue acompanhando os desdobramentos do conflito.
Países europeus como a Alemanha manifestaram apoio à Ucrânia, incluindo promessas de auxílio na produção de mísseis.
A OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) também expressou preocupação com as exigências territoriais impostas por Moscou.
IG Último Segundo