Trump discursa com ódio
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a atacar publicamente a Universidade Harvard. Nesta quarta-feira (29), ele afirmou que a instituição “precisa se comportar”, em mais um capítulo do embate entre o governo federal e uma das universidades mais prestigiadas do país.
“Harvard está tratando nosso país com muito desrespeito. Eles só estão indo cada vez mais fundo. Eles precisam se comportar, porque cada vez que lutam, perdem mais US$ 250 milhões. Ontem achamos mais US$ 100 milhões [para cortar]. É ridículo” , declarou aos jornalistas.
A fala veio após o governo já ter retirado quase US$ 3 bilhões em verbas federais da universidade.
Além dos cortes, Trump tem exigido que Harvard entregue uma lista com os nomes de todos os estudantes estrangeiros, incluindo informações sobre possíveis participações em protestos, especialmente os relacionados ao conflito na Faixa de Gaza.
Trump defende que a universidade limite a 15% o número de estudantes de fora dos EUA. “Acho que deve haver um teto de 15%, não 31%”, afirmou.
Ele alega que a presença de tantos alunos internacionais dificulta o acesso de americanos.
“Muitas pessoas querem estudar em Harvard e outras universidades, mas não conseguem, por causa dos estudantes estrangeiros” , disse.
De acordo com Harvard, o número real de estudantes estrangeiros atualmente é de 27%. Em 2024, eram 6.700 alunos de fora do país matriculados na instituição.
Muitos deles pagam as mensalidades integrais, o que, segundo especialistas, ajuda a financiar bolsas para alunos norte-americanos de baixa renda.
Entre as nacionalidades mais presentes, os dados do Escritório Internacional de Harvard apontam liderança da China, com 1.282 estudantes, seguida por Canadá (555), Índia (467), Coreia do Sul (252), Reino Unido (242) e Brasil, com 123 alunos matriculados.
Restrição
Universidade Harvard
No último dia 22, o governo suspendeu a permissão da universidade para continuar recebendo estudantes estrangeiros. Quem já está em Harvard foi orientado a procurar outra instituição ou deixar o país.
A justificativa da Casa Branca para a medida envolve acusações de que Harvard estaria promovendo um ambiente hostil a alunos judeus, apoiando o grupo Hamas e adotando políticas de diversidade consideradas racistas pela gestão Trump.
Essa tensão aumentou após os protestos pró-Palestina que tomaram diversos campi universitários em 2024.
Em Harvard, estudantes ocuparam prédios e pediram que a instituição encerrasse qualquer cooperação com Israel em protesto à guerra na Faixa de Gaza.
Diante das sanções, Harvard decidiu processar o governo federal, alegando que somente o Congresso tem autoridade para cortar verbas da universidade. A instituição também acionou a Justiça para garantir que os estudantes estrangeiros possam permanecer nos Estados Unidos.
No dia 23, uma juíza federal decidiu suspender, temporariamente, a proibição imposta pelo governo, permitindo que os alunos estrangeiros continuem nos EUA enquanto o processo judicial está em andamento.
Enquanto isso, Trump sugeriu que os recursos retirados da universidade sejam investidos em escolas técnicas, como forma de incentivar outro modelo de ensino no país.
IG Último Segundo