
Trump conversou com Zelensky
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, pediu nesta sexta-feira (17) ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o fornecimento de mísseis de cruzeiro Tomahawk, com alcance de até 1.600 quilômetros, capazes de atingir praticamente qualquer ponto da Rússia a partir do território ucraniano. O líder norte-americano desconversou.
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O encontro ocorreu na Casa Branca, em Washington, e teve como foco central a estratégia militar e diplomática para encerrar a guerra.
Zelensky argumentou que os Tomahawks seriam uma ferramenta decisiva para forçar o governo de Vladimir Putin a negociar um acordo de paz.
Segundo ele, os mísseis funcionariam como uma espécie de “sanção ucraniana de longo alcance”, direcionada à infraestrutura estratégica russa, especialmente ao setor de petróleo, principal fonte de financiamento do esforço de guerra.
O presidente ucraniano propôs uma troca direta: drones produzidos em Kiev por mísseis norte-americanos. Afirmou que o país tem capacidade de fabricar milhares de drones, mas carece de armamentos de longo alcance.
O mesmo pedido já havia sido apresentado à administração de Joe Biden, em 2024, e reiterado em conversas anteriores com Trump, incluindo um encontro durante a Assembleia-Geral da ONU, em setembro, e uma ligação telefônica no início de outubro.
Trump desconversou

Donald Trump não se comprometeu
Durante a reunião, Trump evitou assumir um compromisso. “Nós gostaríamos muito mais de que eles não precisassem dos Tomahawks” , disse, acrescentando que “nunca se sabe” sobre a possibilidade de concessões territoriais para a paz.
O presidente norte-americano declarou que o país tem estoques suficientes do armamento e afirmou que a simples ameaça de envio já teria levado Putin a aceitar participar de uma cúpula em Budapeste, marcada após uma conversa telefônica de 150 minutos entre os dois líderes, na quinta-feira (16).
Trump também insinuou ter consultado o presidente russo sobre o tema antes do encontro com Zelensky, o que provocou críticas em Washington. O tom inicial da reunião foi cordial, mas a conversa terminou sem definição sobre o fornecimento dos mísseis.
Os Tomahawk são lançados a partir de navios ou submarinos, e a Ucrânia não dispõe de meios navais capazes de operá-los diretamente.
A adoção da tecnologia exigiria adaptações em sistemas terrestres, como os Typhon ou versões modificadas dos lançadores HIMARS, além de apoio de inteligência norte-americana para a programação das rotas de voo.
Cada míssil custa cerca de US$ 2,5 milhões, e especialistas avaliam que seriam necessários múltiplos disparos para gerar impacto militar relevante.
Esta foi a terceira visita de Zelensky a Washington desde a posse de Trump, em janeiro de 2025. A relação entre os dois líderes tem sido marcada por tensões. O primeiro encontro, em fevereiro, terminou em desentendimento público.
Trump insiste em um acordo de paz rápido, possivelmente com cessar-fogo e concessões territoriais, enquanto Zelensky busca ampliar o poder de dissuasão da Ucrânia antes de negociar.
O pedido ocorre em meio a novas declarações de Putin, que advertiu que o envio de Tomahawks “prejudicaria” as relações entre Moscou e Washington.
IG Último Segundo