Militantes houthis, contrários aos rebeldes xiitas, se reúnem em rua na cidade portuária de Aden, no Iêmen (16/07)
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, responsabilizou o Irã pelos ataques do grupo rebelde Houthi em uma publicação na rede social Truth Social nesta segunda-feira (17). Em tom ameaçador, ele afirmou que cada ofensiva dos Houthis será considerada uma ação iraniana e prometeu “consequências terríveis”.
“O Irã se faz de ‘vítima inocente’ de terroristas desonestos sobre os quais eles perderam o controle, mas eles não perderam o controle. Eles ditam cada movimento, dando-lhes armas, fornecendo-lhes dinheiro e equipamento militar altamente sofisticado, e até mesmo a chamada ‘Inteligência’. Cada tiro disparado pelos Houthis será visto, deste ponto em diante, como sendo um tiro disparado das armas e da liderança do Irã, e o Irã será responsabilizado e sofrerá as consequências, e essas consequências serão terríveis!”, escreveu Trump no post.
Os Estados Unidos realizaram novos ataques aéreos contra os Houthis no Iêmen nesta segunda, informou a TV Al Masirah, ligada ao grupo rebelde.
A declaração ocorre após os Estados Unidos realizarem novos ataques aéreos contra posições dos Houthis no Iêmen, segundo informações da emissora Al Masirah, ligada ao grupo rebelde. O bombardeio faz parte de uma operação em larga escala ordenada pelo presidente americano no sábado (15). O número de mortos já chega a 53, tornando-se a maior ofensiva militar dos EUA no Oriente Médio desde o retorno de Trump à Casa Branca.
Desde que reassumiu a presidência, Trump restaurou a política de pressão máxima contra Teerã, reforçando sanções para forçar o país a negociar seu programa nuclear. O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, nega que a nação esteja produzindo armas atômicas e classifica os apelos americanos como “pura enganação”.
“Que ninguém se deixe enganar! As centenas de ataques feitos pelos Houthis – os mafiosos e bandidos sinistros baseados no Iêmen, que são odiados pelo povo iemenita – emanam e são criados pelo Irã. Qualquer ataque ou retaliação adicional dos Houthis será recebido com grande força, e não há garantia de que essa força pare aí”, afirmou Trump.
O secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, declarou que os ataques contra os Houthis serão contínuos até que o grupo seja completamente desmobilizado.
Trump
“Trata-se de colocar um fim nos disparos contra ativos naquela hidrovia tão importante, para retomar a liberdade de navegação, que é um interesse nacional central dos Estados Unidos, e o Irã tem capacitado os Houthis por tempo demais. É melhor eles recuarem”, disse Hegseth.
Um oficial do governo americano ouvido pela agência Reuters informou que os ataques no Iêmen podem continuar por semanas.
Resposta dos Houthis e escalada do conflito
O gabinete político dos Houthis classificou os ataques dos EUA como um “crime de guerra” e prometeu responder. Yahya Sarea, porta-voz do grupo, afirmou que um segundo ataque foi lançado contra o porta-aviões americano USS Harry Truman usando mísseis balísticos e de cruzeiro. No entanto, o Exército dos EUA não confirmou a ofensiva.
Os Houthis pertencem ao chamado “Eixo da Resistência”, uma rede de grupos alinhados ao Irã que inclui o Hezbollah libanês e o Hamas. O grupo, que surgiu no Iêmen nos anos 1990, intensificou ataques a navios militares e comerciais no Mar Vermelho após o início da guerra entre Israel e Hamas em 2023, alegando solidariedade aos palestinos.
Desde então, mais de 100 ataques foram registrados, resultando no afundamento de dois navios e na morte de quatro marinheiros. As ofensivas haviam diminuído com o cessar-fogo em Gaza, mas foram retomadas na última quarta-feira (12), após Israel restringir a entrada de ajuda humanitária ao enclave palestino.
IG Último Segundo