Trump aciona Suprema Corte contra cidadania por nascimento


A decisão não tratou do mérito da cidadania por nascimento
Reprodução/ Ilustração de Maurilio Oliveira (2024)

A decisão não tratou do mérito da cidadania por nascimento

O governo dos Estados Unidos protocolou nesta sexta-feira (26) recurso na Suprema Corte para que os juízes decidam sobre a validade da ordem executiva assinada por Donald Trump que restringe a cidadania automática para crianças nascidas no país.

A medida pretende excluir filhos de imigrantes sem documentação ou de estrangeiros com permanência temporária, como turistas e estudantes.

A ordem executiva nº 14160, intitulada “Protegendo o Significado e o Valor da Cidadania Americana”, foi assinada por Trump em janeiro, no primeiro dia de seu novo mandato.

O texto determina que agências federais não reconheçam como cidadãos os nascidos em solo americano sem pais cidadãos ou residentes permanentes legais.

Veja mais: Governo Trump avalia acabar com cidadania por nascimento no país

O presidente sustenta que a 14ª Emenda da Constituição, que assegura cidadania a todos os nascidos nos EUA e sujeitos à sua jurisdição, não se aplicaria nesses casos.

A implementação da ordem estava prevista para 19 de fevereiro, mas foi suspensa por decisões judiciais. Tribunais federais em Maryland, Massachusetts e Washington concederam liminares que interromperam a medida em todo o país.

Em junho, a Suprema Corte decidiu, por seis votos a três, que juízes de primeira instância não podem conceder bloqueios de alcance nacional. A decisão não tratou do mérito da cidadania por nascimento, mas limitou o alcance das liminares, restringindo-as aos autores das ações.

Após esse julgamento, novas ações de classe foram movidas em cortes federais, resultando em decisões que mantiveram a ordem executiva suspensa. Em julho, um tribunal em New Hampshire estendeu a proteção a todas as crianças potencialmente afetadas.

No recurso desta sexta-feira, o procurador-geral D. John Sauer argumenta que a interpretação tradicional da 14ª Emenda estaria equivocada e teria concedido cidadania a “centenas de milhares de pessoas não qualificadas”.

O pedido solicita que a Suprema Corte analise diretamente a constitucionalidade da ordem presidencial.

400 mil nascimentos devem ser afetados

Trump afirma que essa interpretação foi distorcida
Casa Branca/Reprodução

Trump afirma que essa interpretação foi distorcida

O precedente mais citado no debate é o caso United States v. Wong Kim Ark (1898), no qual a Suprema Corte reconheceu a cidadania por nascimento a filhos de imigrantes, independentemente do status legal dos pais.

Trump afirma que essa interpretação foi distorcida e que sua ordem restabelece o sentido original da emenda.

Se admitida pela corte, a medida poderá afetar entre 300 mil e 400 mil nascimentos por ano, segundo estimativas divulgadas em debates públicos.



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