Temer está certo — de novo


Michel TemerAlan Santos/PR

De tempos em tempos, a roda da fortuna passa pelo Brasil. Poucos países reúnem tantas condições de progresso nesta era quanto o nosso.

De maior exportador de alimentos a potencial líder em energia verde — essencial na revolução da Inteligência Artificial —, o Brasil pode dar um salto em seu desenvolvimento. Mas esse não é, infelizmente, o sentimento geral da nação. E com razão: o debate político ignora esses temas.

Por isso, mais uma vez, Michel Temer está certo.

Ao propor o Movimento Brasil aos governadores Tarcísio de Freitas, Ratinho Júnior, Ronaldo Caiado, Romeu Zema, Eduardo Leite e Helder Barbalho — nomes fortes para 2026 —, Temer apresenta a ideia mais patriótica do atual cenário político: um pacto programático anterior à disputa pelo poder. Na política norte-americana, isso se chamou por décadas de consensus politics.

A proposta é clara: reunir contribuições dos governadores para um manifesto com diretrizes diante dos novos desafios. A chapa viria depois — antes do nome, o rumo.

O Brasil precisa ser prioridade nas grandes escolhas. Sem consensos mínimos, nossa democracia cobrará um preço. O Estado envelheceu e se desorganizou; precisa de inovação. Os investimentos enfrentam ambiente hostil, e a população carece de opção real sobre o país que quer.

A premissa de que o povo não entenderia um plano concreto é falsa. O que os brasileiros já entenderam é que o modelo atual é insustentável: baixos salários, juros altíssimos, produtividade estagnada, déficits crônicos, serviços ruins e o maior imposto sobre consumo do planeta.

O Brasil se tornou anacrônico. Grandes gastos e déficits viraram veneno, e a população já percebe isso, como mostram as pesquisas.

Temer está certo — mesmo quem não goste dele deveria ouvir. Ele tem a autoridade dos mais experientes para propor um novo caminho.

Seu governo (2016–2018) fez reformas impopulares, mas corajosas: reforma trabalhista, fim do imposto sindical obrigatório, Teto de Gastos, nova estrutura do ensino médio e Lei das Estatais. Entregou o país com juros de 6,5% ao ano — hoje entre 15% e 20% — e sem ruptura institucional.

Mais importante: tinha um programa. A Ponte para o Futuro, feita com Armínio Fraga, Marcos Lisboa, Elena Landau, Affonso Pastore e a Fundação Ulysses Guimarães, mostrou que é possível governar com metas e responsabilidade.

O Movimento Brasil ampliaria essa ambição com um programa permanente de modernização — multipartidário — para tirar o país da armadilha da renda média e projetá-lo globalmente, na roda da fortuna que bate à porta.

O agronegócio e as exportações garantem superávits — destaque para os mais de 60 bilhões de dólares com a China —, mas isso não basta. O Brasil é hoje um dos cinco maiores superavitários do mundo. Como dizia Eliezer Batista, esses superávits deveriam financiar o futuro da Nação. O Brasil precisa repensar sua inserção produtiva e agir com urgência diante das transformações tecnológicas e geopolíticas. Mas como fazer isso sem um compromisso com a eficiência?

Por isso, Temer está certo: sem um plano estruturado, continuaremos brigando pelo poder sem intenção de grandeza para o povo brasileiro — que, em muitas regiões, já vê menos Estado e mais crime organizado.

Vivemos a revolução da inteligência artificial, da computação quântica, de novas matrizes energéticas. Isso exige um Estado mais ágil — que induza o desenvolvimento, e não pese sobre quem produz. Enquanto a China ensina IA no ensino fundamental, o Brasil ainda luta com a tabuada.

Precisamos de um plano nacional — acima das conjunturas — com ações concretas e mensuráveis.

Como lembra Jorge Gerdau, citando Peter Drucker: “O que não pode ser medido, não pode ser gerenciado.” No Brasil, fala-se em gastos públicos, mas não em resultados. Mesmo quando algo dá certo, não se conhece o resultado — e não se replica o sucesso. Comemoramos gastos — não conquistas.

O que diferencia os países que deram certo são sonhos coletivos, metas e avaliações. A história mostra que desenvolvimento exige direção — como comprovaram Japão, Coreia, Alemanha, China e Singapura. O Brasil precisa dessa bússola.

Temer está certo. O Brasil precisa de um grande plano — consistente com o grande e rico país que somos. E o povo entenderá.

Ainda sonhamos com um Brasil produtivo, afluente, admirado. Mas outros nos ultrapassaram, como China e Coreia do Sul. Outros se projetam: Indonésia, Malásia, Nigéria, Egito. O Brasil não pode ficar para trás. Por isso, Temer está certo — com modéstia, abrindo nossos olhos. Esse é o papel dos experientes: falar. E o papel de uma sociedade que quer evoluir é ouvir.

**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal iG



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