
Bolsonaro vai ser preso se descumprir decisão de Moraes
Jair Bolsonaro cancelou uma entrevista programada para esta segunda-feira (21), ao portal Metrópole, com medo de ser preso.
Também mudou os planos sobre a coletiva que faria após um encontro com parlamentares do PL, o seu partido, para discutir uma possível reação às restrições impostas contra ele por Alexandre de Moraes.
Isso porque o ministro do STF esclareceu, em um despacho, que entrevistas veiculadas em redes sociais podem ferir uma das medidas cautelares impostas contra ele: a proibição de usar redes sociais.
O próprio Moraes informou que, caso descumpra a ordem, Bolsonaro poderá ter a prisão preventiva decretada. Vale para transmissões, retransmissões ou veiculação de áudios, vídeos ou transcrições de entrevistas em qualquer das plataformas das redes sociais, dele ou de aliados.
Caso contrário o ministro pode entender que Bolsonaro usou esses meios para burlar a medida.
As medidas atendem a um pedido da Polícia Federal, que aponta uma espécie de conluio entre ex-presidente e o filho Eduardo Bolsonaro para influenciar ações do governo dos EUA contra o Brasil – e Moraes, especificamente.
O tarifaço anunciado por Donald Trump sobre as exportações brasileiras são interpretadas com uma retaliação contra a ação penal contra Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado.
Bolsonaro já está proibido de sair de casa entre 19h e 6h. E, quando sai, é obrigado a usar uma tornozeleira eletrônica.
Bolsonaro não precisa subir num carro de som para dizer que é um perseguido pela Justiça – algo que faz toda vez que ultrapassa ou ameaça ultrapassar o que ele mesmo chama de quatro linhas da Constituição.
As autoridades imaginam que, sem as orientações do pai, e com o canal de comunicação entre eles fechados, os filhos não saberão o que fazer para seguir atacando as instituições. É um cálculo que não leva em conta a possibilidade de o pai ser a marionete dos filhos – conectados e em contato com representantes da extrema direita global – e não o contrário.
Na sexta, ao falar das medidas restritivas, Bolsonaro negou as acusações que pesam contra ele, num ensaio do que tem feito e ainda pretende fazer ao longo da ação penal da trama golpista.
A impossibilidade de dar entrevista só joga gasolina no discurso de aliados e apoiadores de que ele é, no fim, um perseguido político.
Não é. Mas na guerra das narrativas não basta ser injustiçado. Basta parecer.
*Este texto não reflete necessariamente a opinião do Portal iG
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