Projeto gaúcho é aprovado para uso de telescópio gigante no Chile


Antenas do ALMA no planalto de Chajnantor, Chile, com as Nuvens de Magalhães visíveis no céu
ESO/C. Malin

Antenas do ALMA no planalto de Chajnantor, Chile, com as Nuvens de Magalhães visíveis no céu

Quando a gente pensa em buracos negros, a imagem mais comum que vem à nossa mente é aquela de “algo gigante que engole tudo ao seu redor”. Mas, na realidade, essas regiões do espaço-tempo vão muito além disso. Você sabia que a força gravitacional desses gigantes pode moldar o futuro das galáxias? É isso mesmo. Esses corpos celestes podem influenciar até o nascimento de novas estrelas.  E é justamente essa relação que um grupo de universitários do Rio Grande do Sul vai investigar de perto.

Pesquisadores da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) ,  tiveram um projeto aprovado para observar o espaço através do Alma, um dos maiores e mais sofisticados radiotelescópios do planeta. Localizado a cerca de 5 mil metros de altitude, em pleno deserto do Atacama, no Chile, ele é fruto de um consórcio internacional com 21 países da América do Norte, Europa e Ásia, além do próprio Chile. Custou cerca de US$ 1,4 bilhão para ser construído e já entrou para o Guinness como o telescópio terrestre mais caro da história.

O nome Alma vem de Atacama Large Millimeter Array. E não é por acaso: ele foi projetado para captar ondas em uma faixa que vai do milimétrico ao submilimétrico (de 0,32 a 8,6 milímetros), ou seja, sinais de baixa energia que nossos olhos jamais enxergariam. É com esse nível de precisão, usando 66 antenas de até 12 metros de diâmetro, que os cientistas conseguem mapear o espaço, assim como nuvens de gás e poeira onde estrelas e planetas nascem.

A Via Láctea acima das antenas do Observatório ALMA.
Y. Beletsky (LCO)/ESO

A Via Láctea acima das antenas do Observatório ALMA.

É nesse cenário ideal, com um céu limpo e sem poluição luminosa, que os brasileiros vão buscar pistas sobre a relação entre buracos negros e a formação de estrelas em galáxias distantes.

O projeto BAH

O projeto, batizado de BAH (uma homenagem à expressão gaúcha), é liderado pelo professor Rogemar André Riffel e busca mapear o impacto dos buracos negros supermassivos em regiões de intensa atividade estelar. A ideia é entender de que forma a energia liberada por esses núcleos ativos pode alterar a disponibilidade de gás e, consequentemente, influenciar o nascimento de novas estrelas.

E não é pouca coisa, não: o grupo vai analisar cinco galáxias a centenas de milhões de anos-luz de distância, cada uma com pistas essenciais para entendermos como funciona a evolução do universo.

Conheça os pesquisadores convidados de hoje

Lucas Ramos Vieira é natural de Alegrete (RS), graduado em Física pela UFSM, com mestrado em Geofísica Espacial pelo INPE. Atualmente é professor do Instituto Federal Catarinense (IFC) e doutorando na UFSM, sob orientação do professor Rogemar Riffel, pesquisando Núcleos Ativos de Galáxias (AGN).

Marina Bianchin é graduada, mestre e doutora em física pela UFSM. Realizou pesquisas na Universidade da Califórnia, Irvine, nos Estados Unidos e atualmente é Juan de la Cierva Fellow no Instituto de Astrofísica de Canárias, na Espanha. Em 2023 foi selecionada como Gruber Foundation Fellow pela União Astronômica Internacional, prêmio destinado a jovens astrônomos. Pesquisa galáxias ativas e galáxias luminosas no infravermelho a partir de observações realizadas com telescópios terrestres, como Gemini e Keck, e com telescópios espaciais como o JWST. Sua pesquisa tem o objetivo de entender a contribuição dessas classes de objetos para a evolução de galáxias e do Universo como um todo.

Pesquisadores Marina Bianchin e Lucas Ramos Vieira integram o projeto da UFSM aprovado para observações no telescópio ALMA, no Chile
Reprodução / Arquivo

Pesquisadores Marina Bianchin e Lucas Ramos Vieira integram o projeto da UFSM aprovado para observações no telescópio ALMA, no Chile

Do Rio Grande do Sul para o mundo

O projeto da UFSM terá 7,5 horas de observação no Alma, e pode acreditar, cada minuto nesse telescópio é valioso e concorrido por pesquisadores do mundo todo.

É justamente essa história que vamos contar na nossa live de hoje, no iG foi pro Espaço , às 18h00. No bate papo com os pesquisadores, vamos falar sobre o desafio de estudar buracos negros, a importância de levar a ciência brasileira para observatórios de ponta e, claro, sobre as descobertas que ainda estão por vir.

A entrevista será transmitida nesta quarta-feira (24), às 18h, no canal do YouTube do Portal iG:

Assista a  edição do programa sobre Lentes Gravitacionais:



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