
André Correa do Lago, embaixador e presidente da COP30
No Encontro com a Imprensa Internacional, o embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30, confirmou que a realização da conferência do clima da ONU em Belém está sob ameaça.
O motivo, segundo ele, são os ” preços extorsivos e abusivos ” cobrados pelos hotéis da cidade, que chegam a ser mais de dez vezes superiores aos valores normais, gerando o que descreveu como uma ” sensação literalmente de revolta ” entre os países participantes.
A situação escalou a ponto de, em uma reunião do comitê organizador, representantes de diversas nações, especialmente as mais pobres e as africanas, solicitarem formalmente a transferência do evento para outra cidade, alegando a impossibilidade de arcar com os custos.
O governo brasileiro, por meio da Casa Civil, agora coordena um esforço para negociar com a rede hoteleira e reverter a situação, embora a legislação atual não permita a imposição de um teto de preços.
A crise gerada pelos preços hoteleiros se tornou pública e representa um desafio significativo para a organização da COP30. ” De fato, os preços de Belém, eu acho que todo mundo que já entrou na internet já viu, os preços estão completamente abusivos “, afirmou o embaixador.
Ele detalhou que, enquanto em outras cidades-sede de COPs os hotéis costumavam dobrar ou triplicar os valores, em Belém, em ” vários casos é 15 vezes o valor que os hotéis normalmente cobram “.
Corrêa do Lago expressou a preocupação de que os hoteleiros ” não estejam se dando conta da crise que eles estão provocando “.
Segundo ele, o impasse coloca em xeque não apenas a logística do evento, mas também a imagem do Brasil como anfitrião da mais importante conferência climática do mundo, agendada para novembro de 2025.
Um momento decisivo para o clima
Além da crise hoteleira, o embaixador destacou a importância histórica da conferência de Belém. A COP30 marcará os dez anos do Acordo de Paris, e acontecerá justamente no momento em que os países devem apresentar seus novos compromissos climáticos, as NDCs, com metas até 2035.
” Quando a gente chegar na COP 30, nós vamos ter números. Nós vamos ter justamente esse número do quão perto ou quão longe nós estamos do 1,5 grau, que é o que a ciência nos diz que é o limite “, explicou Corrêa do Lago.
Ele lembrou que, embora o Acordo de Paris tenha ajudado a reduzir a previsão de aquecimento global, os esforços atuais ainda são insuficientes para evitar que o aumento da temperatura ultrapasse 1,5 °C, um cenário que a ciência considera ” extraordinariamente perigoso para a vida humana no planeta “.
IG Último Segundo