“Cerimônia de libertação” de três reféns israelense promovida pelo Hamas há alguns meses.
Não é a primeira vez, nestes 20 meses de guerra, que o Hamas “aceita” uma proposta de cessar-fogo – desde que ela inclua demandas completamente diferentes das propostas. Na semana passada, o grupo terrorista concordou libertar 10 reféns vivos e 18 mortos dos 58 ainda mantidos em cativeiro em Gaza; mas, em lugar dos 60 dias de suspensão dos combates propostos no acordo, ele exige sete anos de cessar-fogo e a total retirada do Exército de Israel.
Ou seja, o plano do Hamas é novamente ter a Faixa de Gaza sob seu comando, com a fronteira com o Egito sob seu controle (por ali são contrabandeadas armas e munições), as somas bilionárias de ajuda humanitária chegando aos seus bolsos e as toneladas de alimentos aos seus armazéns. Isso em troca de apenas parte dos reféns – curioso imaginar o que o grupo pretende fazer com os 30 reféns restantes.
Reféns israelenses, antes e depois de 500 dias de cativeiro: sujeitos à fome, à tortura e à humilhação.
Desta vez, até mesmo Steve Witkoff, o enviado especial de Donald Trump encarregado da negociação, reagiu publicamente. “A proposta do Hamas é totalmente inaceitável e nos leva para trás”. E o que a mídia internacional interpreta a partir da resposta do Hamas? Que Israel não quer a paz.
Santa paciência, Batman!
As reivindicações de cada lado
A cobertura dessa guerra e também de suas fases, pela mídia brasileira e internacional, é de tal maneira mal-intencionada que tornou-se difícil entender até mesmo o que cada lado pleiteia. Para aqueles que querem formar sua própria opinião, o resumo é esse.
1
Israel quer todos os reféns de volta sequestrados de suas casas há 20 meses e mantidos em condições absolutamente desumanas. Entre eles, há também trabalhadores estrangeiros que estavam temporariamente em Israel (vá entender qual o sentido disso).
Já o Hamas quer manter consigo o maior número de reféns, pois eles são sua principal arma contra Israel, que tem como lema “não deixar ninguém para trás”.
2
Israel quer conviver com vizinhos amistosos e independentes. Com a Jordânia e o Egito, já selou há décadas acordos de paz. Há alguma esperança de que acordos sejam selados com a Síria, agora sob novo governo, e o Líbano. Não aposto todas as minhas fichas que isso aconteça, mas torço para isso.
Gaza quer o fim da existência de Israel. Esse é o significado do lema “Palestina livre do rio ao mar”.
3
Israel quer o fim do poder do Hamas no território para garantir a segurança de suas fronteiras.
Tudo o que o Hamas quer é manter-se ali para que possa continuar sua cruzada pela destruição de Israel.
A pergunta que não quer calar
Guerras são feias e cruéis, e a única coisa que têm em comum é o fato de sempre terminarem com um vencedor e um perdedor. Mas isso não é permitido a Israel no caso do conflito de décadas entre Israel e o Hamas e um acordo de cessar-fogo é a forma com que os dois lados admitem que não houve vitória ou derrota. Algo do tipo “paremos por aqui, depois a gente continua”.
Gaza está estruturalmente destruída, a população vivendo em acampamentos, um número alto (mesmo que questionável) de mortes entre civis e toda a alta liderança do Hamas em Gaza foi eliminada. Ainda assim, o Hamas não admite derrota. Nem ele nem países como a França, a Espanha, África do Sul ou o Brasil, que dão respaldo político a um grupo terrorista. De novo, vá entender o porquê.
Israel desde o início exige apenas duas condições para encerrar definitiva e imediatamente esta guerra: que o Hamas deponha as armas e liberte todos os reféns israelenses. Quando o mundo o pressionará a fazê-lo?
*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal iG
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