Pedra de Roseta: pedaço de granito decifrou o Egito Antigo


Há 226 anos, no dia 15 de julho de 1799, a Pedra de Roseta foi descoberta no Egito por um grupo de soldados franceses durante uma campanha militar liderada por Napoleão Bonaparte.
A Pedra de Roseta é considerada um dos marcos mais importantes da arqueologia e da linguística.
Esse fragmento de granito permitiu à humanidade, pela primeira vez em quase 1.500 anos, traduzir e compreender os antigos hieróglifos egípcios, signos de escrita do Egito da época dos Faraós.
O achado da Pedra de Roseta ocorreu nas ruínas de um antigo forte perto da cidade de Roseta – atualmente conhecida como Rashid, no delta do Rio Nilo.
O responsável direto pela descoberta foi o tenente Pierre-François Bouchard, que era engenheiro militar e notou que a inscrição poderia conter grande valor histórico.
A Pedra de Roseta é, na verdade, uma rocha semelhante ao granito, chamada laje de granodiorito. Com 114 cm de altura e 72 cm de largura, ela pesa aproximadamente 760 kg.

O que a torna extraordinária é o fato de conter o mesmo texto gravado em três sistemas de escrita diferentes.
Na Pedra de Roseta o texto está registrado em hieróglifos e também na escrita demótica egípcia, o idioma administrativo e cotidiano do Egito na época, e em grego antigo, a língua oficial da administração durante a dominação da Grécia durante a dinastia ptolomaica.
O texto contido no granito é um decreto datado de 196 a.C.. em que sacerdotes egípcios reunidos na cidade de Mênfis proclamam a divinização do rei Ptolomeu V.
Nesses escritos, os sacerdotes reconheciam os feitos de Ptolomeu V e concediam benefícios fiscais aos templos.
Em 1801, os britânicos tomaram a Pedra de Roseta e enviaram o estimado objeto para Londres após derrotarem as tropas de Napoleão no Egito.
Desde 1802, a Pedra de Roseta está exposta no British Museum, em Londres, onde se tornou um dos itens mais visitados e simbólicos da instituição.
Nesses mais de dois séculos, a França reivindica dos ingleses a devolução do objeto, sem sucesso.
A decifração do texto gravado na Pedra de Roseta exigiu um longo processo. Vários estudiosos se debruçaram sobre ela.
Dois nomes se destacaram nessa empreitada: o inglês Thomas Young, que identificou que os hieróglifos continham elementos fonéticos, ligados ao som das palavras, e o francês Jean-François Champollion, que, em 1822, conseguiu a chave definitiva para a leitura dos hieróglifos.
Champollion notou que os hieróglifos, ao contrário do que se pensava até então, não eram apenas símbolos figurativos ou mágicos, mas um sistema complexo que combinava fonemas e ideogramas.
A partir dessa constatação, toda a cultura escrita do Antigo Egito pôde ser gradualmente compreendida.
A Pedra de Roseta tornou-se um ícone cultural, frequentemente associada à ideia de “chave de tradução” ou “solução para mistérios complexos”.
Além disso, seu papel foi fundamental para o nascimento da egiptologia moderna, ciência que estuda a história, religião, escrita e sociedade do Egito Antigo com base em fontes arqueológicas e textuais.



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