Para reinventar o Brasil, precisamos alinhar interesses


Para reinventar o Brasil, precisamos alinhar interesses
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Para reinventar o Brasil, precisamos alinhar interesses

Num país onde 40 milhões de pessoas ainda vivem à margem da prosperidade, a reinvenção do Estado de bem-estar social parece, para muitos, um sonho distante. O orçamento brasileiro permanece pressionado entre dívidas crescentes, programas de transferência de renda e uma máquina pública onerosa. Reformas profundas, embora necessárias, arrastam-se no lamaçal do sistema político. É nesse cenário que uma proposta disruptiva emerge, cruzando as fronteiras entre inovação social, governança privada e engenharia financeira: a Cidade 5.0 – Internexum.

Mais do que uma “cidade inteligente”, a Cidade 5.0 é concebida como um ecossistema privado, desenhado para ser um laboratório de erradicação da pobreza e um polo de inovação tecnológica. Trata-se de construir — do zero ou a partir de áreas degradadas — comunidades inteiras onde cidadãos em situação de vulnerabilidade, por meio de integração produtiva, educação de excelência e oportunidades reais de trabalho, tornam-se economicamente , socialmente e intelectualmente autônomos.

A gestão dessas cidades não é estatal, mas privada, orientada por um pacto meritocrático: operadores devem alcançar metas concretas de desenvolvimento humano, sob risco de substituição. A governança obedece ao framework  PRIME — Propósito, Resultados, Interoperabilidade, Mensuração e Evidências — e a cidade adota indicadores claros, auditáveis, e com transparência radical, supervisionada por uma organização independente (no caso, a PRIME Society).

Nada disso seria viável sem uma solução robusta para a eterna crise de confiança que afeta investimentos de longo prazo no Brasil. Moeda volátil, contas públicas deterioradas e insegurança jurídica fazem do país um terreno acidentado para o capital internacional. A Cidade 5.0 propõe inverter esse quadro com incentivos radicais: isenção total ou redução drástica de impostos para residentes e empresas, e um regime regulatório especial para a  experimentação de novas tecnologias e modelos de governança.

O financiamento é desenhado para o século XXI: bonds de impacto social, garantidos por ativos imobiliários padronizados, atraem desde bancos até investidores de impacto em busca de retorno financeiro atrelado à redução mensurável da pobreza. O risco político pode ser mitigado por seguros do Banco Mundial, enquanto a padronização do modelo permite ao investidor escolher projetos, operadores e regiões com base em critérios objetivos, fomentando a competição saudável e a transparência.

O diferencial da Cidade 5.0 reside na promessa de romper o ciclo da dependência assistencialista. A prioridade é dada a famílias jovens e crianças, selecionadas por sinais claros de resiliência e vontade de superação. Uma ampla rede de ONGs, escolas e empresas é integrada desde o início, promovendo uma experiência imersiva de ascensão social. A construção da própria cidade gera os primeiros empregos; depois, a dinâmica produtiva interna assume o protagonismo, com centros de pesquisa, fábricas, laboratórios e startups de base tecnológica.

Aqui, não se busca justiça social no sentido retórico, mas eficácia brutal: quem não entrega resultado é substituído; políticas são revistas à luz de evidências, não de ideologias. A meta não é nivelar por baixo, mas criar polos de excelência replicáveis, onde a pobreza não encontra terreno fértil para ressurgir.

Modelos de zonas econômicas especiais e cidades-charter pelo mundo fornecem precedentes — de Shenzhen a Songdo, de Singapura a Kigali. Todos mostram que inovação institucional, incentivos corretos e accountability são essenciais. No entanto, o fracasso ronda experiências em que transparência falhou, ou o compromisso público-privado se dissolveu em interesses escusos.

O que a Cidade 5.0 propõe é industrializar o combate à pobreza, tratando o problema com a mesma disciplina e escala que o Brasil já dedica ao agronegócio ou à exportação de minério. Um portal centralizado da PRIME Society audita, compara e reporta todos os resultados, permitindo aprendizado rápido, correção de rotas e competição entre cidades, operadores e investidores.

A oportunidade das Cidades 5.0 – Internexum, uma versão supertecnológica do modelo em parceria com o instituto com o mesmo nome, reside em transformar os maiores desafios tecnológicos do Brasil em vetores de prosperidade compartilhada. Ao estruturar essas cidades como polos dedicados a tecnologias de ponta — inteligência artificial, semicondutores, computação em nuvem, realidade imersiva, cibersegurança, computação quântica, robótica, mobilidade avançada, bioengenharia, tecnologias espaciais e sustentabilidade — o Brasil cria, simultaneamente, motores de competitividade internacional e plataformas de inclusão social. 

Essas comunidades tornam-se “laboratórios vivos”, onde o desenvolvimento tecnológico é integrado à formação de capital humano, geração de empregos qualificados e surgimento de novos negócios, ancorando o país em cadeias globais de valor antes inacessíveis.

Este enfoque estratégico alinha interesses que, tradicionalmente, caminham em paralelo ou até em conflito. Para a federação, trata-se de soberania nacional e redução da vulnerabilidade externa; para estados e municípios, é a chance de atrair investimentos, acelerar a modernização e promover salto em indicadores de qualidade de vida. Empresas globais e nacionais encontram ambiente regulatório flexível, incentivos fiscais e acesso em troca de capacitar uma força de trabalho, além da oportunidade de cocriar soluções em escala real para os grandes problemas brasileiros e globais. Investidores e o mercado financeiro, por sua vez, são atraídos pelo potencial de retorno em ativos reais e financeiros (imóveis, infraestrutura e as receitas da cidade), contratos de longo prazo e a previsibilidade de receitas atreladas a bonds de impacto social, com métricas objetivas e auditoria independente.

No coração desse arranjo está a comunidade local, que deixa de ser beneficiária passiva para se tornar protagonista do próprio desenvolvimento. Ao alinhar interesses públicos e privados sob a lógica da eficácia — e não do assistencialismo — as Cidades 5.0 propõem um modelo em que inovação, inclusão e resultados caminham juntos. Dessa convergência emerge uma plataforma inédita de crescimento, onde cada parte envolvida encontra incentivos claros para cooperar na construção de um novo ciclo virtuoso para o Brasil.

No limite, o modelo Cidade 5.0 é um convite para o Brasil romper com o conformismo fiscal, o clientelismo político e a estagnação social. Ao alinhar interesses estratégicos do Estado, incentivos ao setor privado e ambição legítima das famílias pobres, o país pode, enfim, transformar seus desafios históricos em alavancas para um novo ciclo de prosperidade.

Talvez não se trate apenas de erradicar a pobreza. Trata-se de reinventar o próprio Brasil.

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*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal iG



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