país tem 47,8 mil vítimas resgatadas em 20 anos


Governo assina pacto com entidades gaúchas contra trabalho escravo
Agência Brasil

Governo assina pacto com entidades gaúchas contra trabalho escravo

Entre 2004 e 2024,  47.871 pessoas foram resgatadas do trabalho análogo à escravidão  no Brasil. As informações constam no Observatório da Erradicação do Trabalho Escravo e do Tráfico de Pessoas, uma iniciativa realizada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT).

De acordo com o levantamento, a maioria das vítimas tem 18 a 24 anos, faixa que representa 26,33% do total. O segundo maior grupo é de pessoas entre 25 e 29 anos, que somam 18,1% do total. As menores de 18 anos e com mais de 60 anos formam os menores grupos.

Ainda segundo o Observatório, o número de homens resgatados (44.428) é aproximadamente 13  vezes maior que o de mulheres (3.413), representando 92,81% do total de vítimas.

Escolaridade e raça

As estatísticas apontam a relação da baixa escolaridade e a vulnerabilidade à escravidão contemporânea. De todas as vítimas resgatadas, 15.976 (32,8%) não completaram a 5ª série do ensino fundamental, e 12.438 (25,5%) eram analfabetas.

Além disso, pessoas pardas formam a maioria das vítimas resgatadas (52,7%), seguidas das pessoas brancas (20,7%), pretas (14,1%), amarelas (9,39%) e indígenas (3,7%).

Atividades econômicas mais comuns

Os infográficos também indicam, a partir das informações sobre os resgates, quais atividades econômicas estão mais atreladas à escravidão contemporânea. São elas: criação de bovinos (27,1%), cultivo de cana-de-açúcar (13,3%), produção florestal (7,16%), cultivo de café (6,07%) e construção de edifícios (4,37%).

Recorde de denúncias em 2024

Dados do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania indicam que o Brasil registrou, em 2024, o maior número de denúncias de trabalho escravo e análogo à escravidão na história.

Segundo a pasta, foram 3.959 denúncias protocoladas em 12 meses – 15% a mais que em 2023, e o maior número desde que o Disque 100 foi criado, em 2011.

Desde 2021, o país vem atingindo “recordes” consecutivos de denúncias. Foram 1.918 relatos naquele ano, 2.089 em 2022 e 3.430 em 2023. Antes dessa sequência, o maior número em um único ano tinha sido de 1.743 denúncias em 2013.

O que a lei define como “trabalho análogo à escravidão?”

Conforme o artigo 149 do Código Penal, o trabalho análogo à escravidão “é caracterizado pela submissão de alguém a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou seu preposto.”

Caso mais longo de escravidão contemporânea no país é recente

Em 2022, uma mulher de 85 anos foi resgatada de condições análogas à escravidão no Rio de Janeiro. Ela trabalhava desde os 12 anos para a mesma família, em condições exploratórias.

Os empregadores não só restringiam seu acesso aos próprios documentos pessoais, como também realizavam os saques de sua aposentadoria.

O caso só teve fim na Justiça após três anos do resgate, em fevereiro de 2025, quando a Justiça do Trabalho do Rio de Janeiro reconheceu o vínculo de trabalho entre a vítima e seus empregadores.

Eles foram condenados a pagar uma indenização de R$ 600 mil por danos morais individuais e verbas trabalhistas de todo o período trabalhado.



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